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Antes refĂșgio à beira-mar, Recreio convive com 'narcomilĂ­cia' e vĂȘ alta de 218% na letalidade violenta

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Por Redação em 25/10/2023 às 04:20:08
Bairro que atraiu muita gente que buscava tranquilidade nos anos 1990 vê índices de violência crescerem e milicianos já atuam além da comunidade do Terreirão. Ação da milícia e do tráfico tira o sossego no Recreio

A ação da milícia e do tráfico mudou a rotina dos moradores do Recreio dos Bandeirantes. Um dos bairros litorâneos da Zona Oeste do Rio foi atrativo para muita gente que buscava de sossego, mas hoje vê índices de violência dispararem: 218% de alta na letalidade violenta, de 2022 para 2023, por exemplo.

Investigações apontam que na região da comunidade do Terreirão já existe a chamada narcomilícia. Milicianos e traficantes dividem território: a milicia de Zinho atua durante o dia, e os traficantes do Comando Vermelho, à noite.

Zinho é tio de Matheus Resende, o Faustão, morto em operação policial seguida de ataques de milicianos a 35 ônibus, em represália.

Bairro bucólico vê mudanças

Recreio dos Bandeirantes tem prédios baixos à beira-mar

Reprodução/TV Globo

A praia e o aspecto bucólico, e uma orla com prédios baixos, como cidades litorâneas fora da capital, levou o Recreio a se tornar uma opção para moradores que viam na Zona Oeste um lugar tranquilo para viver com a família, nos anos 1990.

A realidade é muito distante da vivenciada hoje. Moradores do bairro vivem num clima de insegurança e muitos já pensam em deixar os imóveis.

O cenário de terror de segunda-feira na Zona Oeste não deixa dúvidas: a milícia é realidade no novo cenário do Recreio.

Passageiros correm, em desespero, para escapar de incêndio em ônibus

Reprodução

Na Avenida Benvindo de Morais, passageiros em desespero fugiram do BRT que era incendiado. Outro ônibus foi queimado ao lado da estação Notre Dame.

Sinais da proximidade de milicianos, que incendiaram transportes por oito bairros da Zona Oeste.

Terreirão

Não é novidade para as autoridades de segurança do Rio que a milícia está no Recreio, instalada na favela do Terreirão, em meados da década de 90.

Agora, os criminosos não se contentam com a exploração da comunidade. Segundo a polícia, eles já cobram taxas ilegais de segurança de condomínios e de comerciantes de diversas ruas no entorno do Terreirão.

Denúncias contra milícia e alta de violência

Um ranking feito pelo Disque Denúncia mostra que o Recreio aparece entre os 20 bairros com maior número de denúncias de atividade de milícia desde 2020 - acima de localidades como Rio das Pedras e o bairro de Sepetiba, que historicamente são dominadas pelos criminosos.

As estatísticas de violência da delegacia do bairro comprovam a violência.

De janeiro a setembro deste ano, houve:

casos de roubo em rua: 504, com alta de 38% a mais que no mesmo período de 2022;

assaltos a pedestres: 333 casos, crescimento de 62%;

roubos de veículos: 106, com alta de 14%;

letalidade violenta (homicídio doloso, lesão seguida de morte, latrocínio e morte pela polícia): 51 casos, 218% a mais;

assassinatos: 41, com aumento de 156%.

A região tem passado por tiroteios frequentes, como aconteceu no início de setembro, quando duas mulheres foram baleadas no terreirão.

"Nossa segurança aqui há 8 anos era boa, a gente saía na rua, a gente saía de noite, a gente ia pra shopping, voltava de ônibus do shopping, pra casa e não tinha preocupação. Hoje eu procuro não estar na rua ao anoitecer. Eu e todos os moradores", diz uma moradora.
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