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'Ele não teve tempo de sair do ônibus', diz irmã de motorista ferido em um dos ônibus incendiados na Zona Oeste

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Por Redação em 26/10/2023 às 00:23:02
Alecxander Montanheiro dirigia um ônibus da linha 804 (Campo Grande x Largo do Aarão), quando criminosos atearam fogo no coletivo, na última segunda-feira (23). Ele sofreu ferimentos no rosto e nos membros superiores e segue internado no Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz. Motorista Alecxander Montanheiro, de 53 anos, se recupera de queimaduras

Arquivo Pessoal

A família do motorista Alecxander Montanheiro, de 53 anos, que queimou o rosto e o braço direito quando criminosos atearam fogo no ônibus que ele dirigia na Zona Oeste, segue abalada com os ataques que ocorreram na região na última segunda-feira (23).

Ao todo, 35 ônibus acabaram queimados, nesse que foi o dia com mais coletivos incendiados a mando de criminosos na história da cidade, segundo o Rio Ônibus.

De acordo com Valéria Montanheiro, irmã do motorista, ele não teve tempo de sair do ônibus depois que os criminosos atearam fogo no veículo.

"A esposa dele, a minha cunhada, ela ta muito abalada ainda. Para toda família foi muito triste. Ele é um cara trabalhador. Ta todo mundo sem acreditar no que aconteceu com o Alecxander. Ele não teve tempo de sair de dentro do ônibus", disse Valéria.

Segundo ela, Alecxander estava no ponto final da linha 804, no Largo do Aarão, em Santa Cruz, no momento do ataque. Valéria contou que o irmão tentou buscar alguns documentos no veículo em chamas, mas não conseguiu e acabou ferido.

"Ele estava no ponto final e ia ligar o carro quando o pessoal chegou para botar fogo. Ele tava dentro do ônibus e quando começou o fogo ele voltou pra tentar pegar os documentos com um cabo de vassoura, mas não conseguiu. E quando foi ver o fogo já estava em cima dele", disse Valéria.

O motorista Alecxander Montanheiro, de 53 anos, se recupera de queimaduras

Arquivo Pessoal

Alecxander está internado no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. Segundo a irmã, a situação dele é estável.

"Na medida do possível ele ta se recuperando bem. A situação ta estável. Ele foi queimado porque não conseguiu sair de dentro do ônibus"

O motorista trabalhava em um dos ônibus da linha 804 (Campo Grande x Largo do Aarão), da empresa Expresso Pégaso, quando criminosos atearam fogo no coletivo. O incêndio aconteceu no Largo do Aarão, em Santa Cruz, na Zona Oeste.

Iara da Costa, esposa do motorista, disse ao g1 que Alecxander ainda tem dificuldade para falar por conta das queimaduras no rosto. Ela comentou também sobre o medo que sente pelo marido trabalhar na Zona Oeste.

"A gente fica preocupada. Ele sai de manhã para trabalhar e não sabe se vai voltar, como aconteceu dessa vez. Por mim, ele não voltava a trabalhar nessa linha. Ele que vai decidir, mas por mim não voltava", completou Iara.

R$ 500 por cada ônibus queimado

Milicianos que ordenaram os ataques na Zona Oeste do Rio, na última segunda-feira (23), ofereceram R$ 500 por cada ônibus incendiado, segundo apurou o g1. A orientação era que a ação fosse filmada para que a quantia fosse paga.

'Tem gente no ônibus', grita passageira de ônibus queimado no Rio

A ordem, no entanto, foi repassada sem critério e, com isso, 35 ônibus acabaram queimados. Foi o dia com mais coletivos incendiados a mando de criminosos na história da cidade, segundo o Rio Ônibus.

O ataque teria como objetivo garantir a fuga do miliciano Luís Antônio Da Silva Braga, o Zinho, que estaria na região.

A polícia ouviu em um rádio apreendido um alerta para que o "Zero" fosse protegido. "Zero" é como Zinho é chamado internamente pelo bando.

Mais dois presos

Policiais militares do 31° BPM (Recreio dos Bandeirantes) prenderam, nesta quarta-feira (25), mais um suspeito de participar dos ataques.

Wellington Silva Mendes de Mesquita, de 40 anos, seria o homem que aparece em um vídeo incendiando um ônibus durante a série de ataques da milícia controlada por Zinho.

De acordo com as investigações, Wellington aparece nas imagens de blusa preta.

Localizado e preso na favela César Maia, em Vargem Pequena, também na Zona Oeste, Wellington foi levado para a 42ÂȘ DP (Recreio), onde ficará à disposição da Polícia Civil para as investigações.

Um outro homem, apontado como integrante da milícia de Zinho, foi preso em flagrante na comunidade da Carobinha, em Campo Grande, na Zona Oeste, após cruzamento de dados e um trabalho de inteligência.

Ele foi autuado por porte ilegal de arma de fogo e constituição de milícia privada. Contra ele há 4 mandados de prisão por roubo.

Com o miliciano foram encontrados uma pistola calibre 9mm, carregador, munição e fardamento militar.

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Passageira gritou por socorro

A TV Globo teve acesso a um vídeo que mostra o momento que um criminoso joga combustível em um dos veículos e começa o incêndio. Nas imagens é possível ouvir os gritos de pessoas que estavam perto do ônibus.

"Tem gente no ônibus, gente do céu. Desce do ônibus. Cadê o motorista?"

O caos na Zona Oeste foi provocado pela morte do miliciano Matheus da Silva Rezende, de 24 anos, sobrinho de Zinho. Matheus também era conhecido como Teteu e Faustão.

Em outro vídeo, um criminoso foi flagrado ateando fogo a um ônibus BRT na Magarça, em Guaratiba. Pelas imagens é possível ver o momento em que o homem dá início ao incêndio pela porta da frente do veículo.

Câmera de segurança flagra passageiros sendo expulsos do BRT antes de ataque criminoso

Duas pessoas passavam de moto próximo ao local. Não se sabe se elas davam cobertura ao criminoso.

Uma câmera de segurança do BRT também flagrou passageiros sendo expulsos do ônibus antes de um ataque criminoso.
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