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'As Marvels' se contenta em ser medianamente bom, como tanto gosta a Marvel; g1 já viu

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Por Redação em 09/11/2023 às 03:53:21
Humor e carisma de Iman Vellani e sua jovem heroína compensam falta de ambição do 33º filme do Universo Cinematográfico do estúdio, grande estreia desta quinta-feira (9) no Brasil. Com um sucesso bilionário em bilheterias, é fácil esquecer que a média da Marvel nos cinemas sempre foi de filmes divertidos e bem humorados – e um tanto medíocres. "As Marvels", que estreia no Brasil nesta quinta-feira (9), indica retorno a esta velha forma.

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É possível criticar a falta de ambição do 33º capítulo de seu universo cinematográfico (o MCU, como é conhecido), o mais curto da longa franquia com 1h45min de duração.

Por outro lado, há um certo alívio ao ver um arroz com feijão bem feitinho, no melhor estilo de "Homem-Formiga" (2015), "Doutor Estranho" (2016) ou até um "Homem-Aranha: De volta ao lar" (2017).

Principalmente depois de uma sequência das mais instáveis com erros em grandes apostas, como "Thor: Amor e Trovão" (2022) e "Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania" (2023).

Encarado como uma continuação de "Capitã Marvel" (2019), "As Marvels" supera um pouco o antecessor principalmente graças ao carisma inesgotável de uma de suas mais novas protagonistas.

Iman Vellani já havia mostrado ser uma tradução perfeita de um dos personagens recentes mais importantes dos quadrinhos na série "Ms. Marvel", de 2022. Agora, prova de vez que a heroína é o futuro inevitável do estúdio e da editora.

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Três heroínas e um pequeno agente secreto

"As Marvels" reúne três heroínas que pelo menos no gibi já foram chamadas de alguma variação de "Marvel" (sim, a editora é um pouco egocêntrica. Já imaginou um "Sargento DC"?).

São elas:

Carol Danvers/Capitã Marvel (Brie Larson), apresentada no filme de 2019;

Monica Rambeau, que apareceu ainda criança na mesma história e que depois ganhou poderes já adulta (Teyonah Parris) em "WandaVision";

e Kamala Khan/Miss Marvel (Vellani).

No filme, elas vivem suas vidas heroicas em diferentes partes da galáxia até que um incidente faz com que fiquem conectadas.

Cada vez que usam seus poderes ao mesmo tempo, trocam imediatamente de lugar. Não importa quão distantes estejam.

Com a ajuda do super agente secreto Nick Fury (Samuel L. Jackson), o trio se junta – a contragosto de algumas, e delírio da fã obcecada Kamala – para consertar o problema e enfrentar uma nova vilã (Zawe Ashton).

Assista ao trailer de 'As Marvels'

Cante e dance como as Marvels

A premissa serve de desculpa para algumas cenas de ação inspiradas e um humor leve, em especial com o supetão do encontro entre a mais jovem e seu ídolo espacial.

O clima se estende por todo o filme. A vilã pouco inspirada, com poderes genéricos e motivações cansadas (principalmente para o MCU), impede que o nível dos combates cresça, mesmo com a química física das protagonistas.

O roteiro escrito pela diretora Nia DaCosta ("A lenda de Candyman"), Elissa Karasik ("Loki") e Megan McDonnell ("Wandavision") faz breves tentativas de evoluir Monica e Carol, separadas por décadas, mas a Capitã mantém um dos comportamentos mais instáveis do gigantesco panteão do estúdio.

Uma hora, ela é sisuda e não quer parcerias. No seguinte, canta e dança enquanto admite casualmente fazer parte da realeza de um planeta distante. Seria importante dar um pouco mais de consistência a uma das heroínas mais poderosas do universo.

A cena musical, pelo menos, é um dos poucos vislumbres de ousadia. Com belas cores e uma desculpa deliciosamente esfarrapada para sua existência, poderia elevar um pouco a barra da Marvel, conhecida por um humor mais juvenil. Não vai, mas poderia.

Iman Vellani, Brie Larson e Teyonah Parris em cenas de 'As Marvels'

Divulgação/Disney

Um filme para Kamala Khan

O grande acerto mesmo de "As Marvels" na verdade pertence ao grande cosmos midiático da Marvel. Nos quadrinhos, Kamala é uma das heroínas mais populares do público jovem desde que ganhou poderes, em 2014.

Na série, Vellani já havia mostrado um carisma grande demais para a TV. No filme, a atriz de 21 anos – que atualmente é coautora de HQs de sua personagem – aproveita da oportunidade de levar sua Ms. Marvel ao cenário cósmico, mais ligado à Capitã.

Com uma mistura de genuína admiração, ingenuidade adolescente, coragem e afiado timing cômico, ela reproduz a maior qualidade da jovem no gibi e se torna um avatar do próprio público no meio da história.

Para um estúdio que tem sofrido desde a grande conclusão de sua saga em "Vingadores: Ultimato" (2019), ela tem tudo para ser sua grande heroína. Deem um filme para Kamala Khan, covardes.
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