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Cego afirma que se guia pelo cheiro do banheiro em terminal de ônibus devido falta de acessibilidade: 'Fragrância da tarde sensacional'

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Por Redação em 12/12/2023 às 12:38:17
Em 2018, falhas de acessibilidade foram apontadas durante auditoria do Tribunal de Contas no transporte público de Ponta Grossa. Agora, cinco anos depois, prefeitura publicou edital de licitação para aplicar cerca de R$ 2,3 milhões em obras de acessibilidade. Sem acessibilidade, cego afirma que se guia pelo cheiro do banheiro em terminal de ônibus

Cristofer Ricardo Luiz Camargo é morador de Ponta Grossa, Campos Gerais do Paraná, possui cegueira total e usa o transporte público todos os dias. Ele relata que devido à falta de estruturas de acessibilidade, a estratégia que desenvolveu para se movimentar no terminal central de ônibus é se guiar pelo cheiro do banheiro.

Entre os problemas citados, estão a falta de placas de braile e sinalização sonora e também falhas no piso: o tátil não é contínuo em todo o terminal, e o "normal" tem partes quebradas que impedem que pessoas com deficiência visual se guiem com as bengalas.

"Aí eu presto atenção no cheiro do banheiro porque tem banheiro aqui perto. [...] Eu presto atenção no banheiro, que é uma fragrância da tarde 'sensacional'", afirma Cristofer.

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Antônio Jorge Ferreira de Lima é amigo de Cristofer, também usa ônibus diariamente e possui baixa visão. Ele afirma que, algumas vezes, se machuca com a própria bengala quando ela trava em pisos quebrados.

"Você vem rolando a bengala, ela tem esse rolamento aqui, ela vem, bate e dá um soco no braço da gente. Esse é um dos obstáculos que a gente tem", relata.

Cristofer complementa e afirma que, muitas vezes, vai "na sorte".

"Tem que dar uma freada e prestar atenção nos barulhos dos ônibus ou ao redor pra poder ver o tanto que você vai mudar pra poder fazer o caminho normal, se não você vai muito para um lado e vai bater nos pilares, ou vai muito pro outro e tem pessoas", diz.

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Cristofer Ricardo Luiz Camargo possui cegueira total

Reprodução/RPC

TCE identificou falhas na acessibilidade há cinco anos

Em 2018, falhas de acessibilidade foram apontadas durante auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) no transporte público de Ponta Grossa.

A instituição determinou adequações nas estruturas dos quatro terminais da cidade, mas afirma que elas não foram cumpridas.

Em 2020, um acordo judicial definiu que o prazo para as adaptações seria junho de 2023. Entre elas, estavam dispositivos de sinalização e informação visual, tátil e auditiva, destinação de no mínimo 20% dos assentos para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, piso tátil, equipamentos adaptados, entre outros.

Falta de continuidade do piso tátil em todo o terminal central é um dos problemas enfrentados por pessoas com deficiência visual

Reprodução

Edital de licitação prevê obras para acessibilidade

Neste mês, cinco anos depois da auditoria e cinco meses depois do prazo final do acordo judicial, a prefeitura de Ponta Grossa publicou um edital de licitação destinado à realização de obras de acessibilidade nos terminais do transporte coletivo.

A licitação está agendada para o dia 10 de janeiro de 2024 e tem como valor máximo R$ 2,38 milhões.

Entre os serviços previstos, estão reforma e ampliação de banheiros, instalação de piso podotátil, placas de sinalização em braile, mapa tátil, instalação de elevador no terminal central, melhorias no piso emborrachado e corrimãos, entre outros.

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