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Grupos católicos LGBTQIA+ dizem que Vaticano abençoar casais do mesmo sexo Ă© um caminho para o reconhecimento

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Por Redação em 19/12/2023 às 19:07:43
Rede Nacional de Grupos Católicos LGBTQIA+ alerta, no entanto, que 'ainda há uma longa trajetória para que sejam aceitos como são dentro da igreja'. Decisão do Vaticano está em documento autorizado pelo papa Francisco e foi divulgada na segunda-feira (18). Papa Francisco faz oração no Vaticano e pede cessar-fogo em Gaza.

Reuters

Após decisão histórica, em que o Vaticano afirmou que passará a permitir que padres concedam bênçãos a casais do mesmo gênero, grupos católicos LGBTQIA+ se posicionaram a favor: "a autorização é um caminho para o reconhecimento", diz a Rede Nacional de Grupos Católicos LGBTQIA+.

A rede conta com 21 grupos presenciais e 2 núcleos virtuais no Brasil. No entanto, ao mesmo tempo em que comemoram a conquista, os grupos alertam que "a decisão simboliza um ponto de partida e que ainda falta muito para inclusão das pessoas LGBTQIA+ dentro da instituição da igreja católica".

Em entrevista ao g1, Camila Santos, secretária nacional da rede, afirma que a decisão, que está em um documento autorizado pelo papa Francisco divulgado na segunda-feira (18), é um grande avanço.

"Mostra que tanto o papa como o Vaticano estão, não apenas ouvindo as nossas reivindicações, nossas histórias, nossas vivências, mas proporcionando possibilidades dentro da vivência da fé e da permanência de nós dentro da igreja", diz Camila.

Pela medida, padres católicos romanos podem, a partir de agora, administrar bênçãos a casais do mesmo gênero, se quiserem. A decisão, que vai de encontro à doutrina da Igreja Católica de condenar a união homossexual, permite que os padres também se recusem a fazer o ritual, mas eles estão proibidos de impedir "a entrada (em igrejas) de pessoas em qualquer situação em que possam procurar a ajuda de Deus através de uma simples bênção".

A bênção também não pode ter qualquer semelhança com uma cerimônia de casamento nem acontecer durante liturgias regulares da Igreja.

O documento que divulga a nova decisão afirma que a Igreja Católica continua a considerar a união entre casais do mesmo gênero um ato "irregular" e que a doutrina não mudou, mas afirmou também que a autorização de bênçãos é um "sinal de que Deus acolhe a todos".

O g1 também entrou em contato com Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), mas até a publicação desta reportagem não houve resposta.

Liderança do papa

Papa Francisco autoriza padres a abençoarem casais homoafetivos

Em outubro, em um discurso, o papa Francisco já havia indicado que a igreja pudesse passar a permitir a bênção a casais homossexuais em um futuro próximo.

"Não podemos ser juízes que apenas proíbem", disse, à época, o pontífice.

Em agosto, ele disse que mulheres trans são "filhas de Deus" e que a igreja não pode tratá-las de forma diferente. Em janeiro, Francisco criticou países que criminalizam homossexuais e disse que "a homossexualidade não é crime". Segundo Camila Santos, secretária nacional da Rede Nacional de Grupos Católicos LGBTQIA+, a liderança do papa mostra que ele acompanha as mudanças da realidade.

"Felizes de ter um papa como ele, pois a gente sabe que a igreja caminha a passos lentos no que diz respeito a acompanhar as mudanças da realidade. Já ele se mostra destemido diante do conservadorismo e que é possível seguir os passos que Jesus mostrou de maneira amorosa", diz Camila Santos.

Longo percurso

Apesar dos avanços, no entanto, coletivos de homossexuais católicos cobram o pontífice por mais mudanças. De acordo com Camila Santos, a luta ainda consiste em representação e respeito dentro dos ambientes católicos.

"A gente ainda bate na tecla da própria existência das pessoas LGBTQIA+, principalmente no ambiente católico. A gente quer ser reconhecido, validado, permitido a viver nossa fé em comunidade, poder frequentar, não se esconder", diz a secretária nacional da Rede Nacional de Grupos Católicos LGBTQIA+.

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