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Jogo digital auxilia escolas no ensino da cultura do povo indĂ­gena MaraguĂĄ; veja como baixar

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Por Redação em 11/01/2024 às 14:13:18
Voltado para alunos e professores da Educação Infantil e Ensino Fundamental I, game traz também noções de preservação ambiental. À esquerda, o jovem herói Kawã. À direita, Tapirayawara, ente protetor e conselheiro de Kawã. As ilustrações fazem parte do jogo.

Hugo Cestari

Pensado para alunos e professores de escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental I, o jogo digital "Kawã na terra dos indígenas Maraguá" reúne elementos típicos da cultura tradicional Maraguá, histórias de assombração cultivadas por este povo, e ainda noções de preservação da fauna e flora.

Criado pelo Laboratório de Pesquisa Linguagens em Tradução (Leetra) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), supervisionado pela pesquisadora Maria Silvia Cintra Martins, o jogo é gratuito e está disponível para computadores e celulares com sistema Android.

Baixe o jogo clicando neste link

De acordo com Maria Silvia, o objetivo da aplicação é subsidiar práticas de alfabetização e letramento interdisciplinares envolvendo a cultura dos povos indígenas brasileiros, cujos costumes e línguas seguem marginalizados nos currículos escolares.

Em entrevista ao Terra da Gente, a professora sênior do Departamento de Letras explicou os princípios básicos do jogo. Segundo Maria, durante sua jornada pelo cenário do game, o usuário irá se deparar com quizzes e desafios que incluem pular, atacar garimpeiros ilegais e se locomover pelo ambiente.

"A gente tenta propor esses desafios dentro do jogo, mas não é para a criança só jogar e pronto. Eu tenho visitado escolas e a gente costuma jogar com as crianças, em um primeiro momento. Num segundo momento, nós exploramos questões que aparecem nos jogos em sala de aula", explica Maria Silvia Martins, reafirmando a importância da utilização interdisciplinar.

De acordo com a especialista, a iniciativa vem em conformidade com a lei 11.645/08, que trata da obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Indígena e Afro-Brasileira nos currículos escolares. Isso inclui estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados.

Embora seja inspirado no livro "As aventuras do menino Kawã", escrito por Elias Yaguakãg, Maria Silvia diz que o jogo não se trata de uma adaptação. Isso porque outras histórias e elementos frutos de pesquisa bibliográfica foram incorporados ao projeto.

Cenário da floresta amazônica retratado no jogo

Hugo Cestari

Dentre elas, está o caso da história de assombração dos homens-morcegos Zorak, e obras dos escritores da literatura Maraguá: Lia Minapoty, Roni Wasiry Guará, Uziel Guaynê e Yaguarê Yamã.

Além de "Kawã na terra dos indígenas Maraguá", o Leetra lançou anteriormente o jogo "Jeriguigui e o Jaguar na terra dos bororos", também disponível para download.

Acesse todos os jogos do Leetra neste link

O próximo passo dos pesquisadores é a criação do jogo digital do grande livro clássico da etnografia "A Queda do Céu", do xamã e líder político yanomami Davi Kopenawa em parceria com o antropólogo francês Bruce Albert.

Povo Maraguá

Segundo estudos da pesquisadora, o povo Maraguá vive no Baixo Amazonas, nas margens do Rio Abacaxis - afluente do Amazonas, entre o Madeira e o Tapajós - divididos em três aldeias no município de Nova Olinda do Norte (AM).

Populações ribeirinhas e povos tradicionais da região foram, recentemente, vítimas de violências comandadas por indivíduos implicados na pesca ilegal.

Os Maraguá falam um idioma que combina o nheengatu (derivação do tupi antigo) com o aruak, e também se comunicam em português. Estão organizados em seis clãs, cujas famílias possuem um mesmo ancestral comum: clã do gavião, da vespa, do boto, da onça-pintada, da sucuri e do peixe-elétrico.

Os Maraguá se orgulham de ser grandes guerreiros, caçadores destemidos e pescadores habilidosos. Como outros povos indígenas, suas tradições incluem a fabricação de vasilhas de cerâmica, pinturas corporais e ritos de passagem para a idade adulta.

Kawã, o herói do jogo digital, pertence ao clã do gavião. Para roteirização do jogo, Maria explora dois rituais enfrentados por ele: Wakaripé, aos 10 anos de idade, e Gualipãg, aos 15.

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