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Caso de moradora de Campinas mordida por macaco expõe falha na execução de protocolo de raiva; saiba o que fazer

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Por Redação em 11/02/2024 às 08:57:49
Paciente só recebeu a orientação correta sobre o protocolo após entrar em contato com o Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa). Assessor de Marketing foi mordida enquanto tentava ajudar animal atropelado

Reprodução

O atendimento a uma moradora de Campinas (SP) mordida por um macaco no início deste mês expôs uma falha na execução do protocolo de atendimento na rede de saúde na cidade para esse tipo de acidente, que pode incluir aplicação da vacina da raiva no mesmo dia. Veja nesta reportagem as orientações.

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Por conta do risco de exposição a doenças, a assessora de marketing Daniela Ardito procurou orientação médica presencialmente ou por telefone em três unidades de saúde, mas somente após contato com o Devisa, 10 horas após a mordida, a orientação correta foi dada.

Para você entender essa história, o g1 dividiu essa reportagem em três partes:

O desconhecimento do protocolo

O protocolo correto

O que dizem os citados

O desconhecimento do protocolo

Daniela atropelou um sagui no final da manhã de sábado (3) no trevo da Leroy, em Campinas. A assessora foi resgatar o animal para levar ao veterinário quando foi mordida. Ela, então, deixou o macaco no veterinário e foi procurar ajuda.

O primeiro atendimento de Daniela foi no hospital Casa de Saúde, da rede privada. Ela relatou que no local passou por atendimento com uma médica. Sem saber o que fazer, diz moradora, a profissional acionou o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) da Unicamp, após pedido da paciente.

Segundo Daniela, por telefone, a profissional do CiaTox orientou ela a procurar uma unidade básica de Saúde na segunda-feira (5), informação reforçada pela médica do hospital, que a liberou sem receitar nenhum medicamento e nem indicar onde a paciente poderia procurar a vacina contra a raiva.

"Eles me disseram para esperar até segunda-feira alegando que só havia vacina contra a raiva nos postinhos e naquela hora eles já estavam fechados", contou ao g1.

Ao g1, a Casa de Saúde afirmou que está apurando o ocorrido e reforçou o protocolo com as equipes médicas. Já o CiaTox afirmou que o correto é orientar os pacientes a procurarem a unidade de saúde mais próxima de sua residência para iniciar o tratamento.

Preocupada, a moradora ligou no hospital Mário Gatti, perguntou a uma enfermeira sobre a vacina da raiva, mas foi informada que não havia essa vacina em unidades 24 horas. Inconformada, ela procurou orientações na internet e conseguiu ligar no Devisa por volta de 21h.

UPA Campo Grande, em Campinas, unidade de referência para vacina da raiva

Fernanda Sunega

O protocolo correto

Uma veterinária de plantão da vigilância a atendeu por telefone e deu as orientações sobre o protocolo, que, em Campinas, era procurar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Campo Grande. A moradora foi até lá e recebeu uma receita de antibiótico, além da vacina contra a raiva.

"Em meia hora eu já tinha sido atendida", elogiou.

Ao g1, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que, em caso de acidentes (mordidas e arranhões, por exemplo) com animais é importante:

Lavar bem o ferimento com água e sabão;

Em seguida procurar atendimento médico, já que alguns casos necessitarão de vacina e eventualmente, de soro antirrábico;

O telefone 199 da Defesa Civil pode ser acionado em caso de dúvidas.

"Em Campinas, de segunda a sexta-feira, o atendimento é realizado em qualquer uma das 67 UBS que já iniciarão a vacinação, se indicado, e aos finais de semana e feriados, nas unidades de pronto atendimento ou hospitais e se indicada, a vacinação ocorrerá na UPA Campo Grande", disse em nota.

Segundo o Ministério da Saúde, a recomendação em caso de mordidas de animais silvestres como saguis e morcegos, é procurar uma unidade de saúde no mesmo dia uma vez que, caso seja necessário, a primeira dose da vacina contra raiva deve ser aplicada no dia 0 (nas primeiras 24 horas).

Veja protocolo em caso de acidente com animal silvestre:

Quatro doses da vacina antirrábica humana nos dias 0, 3, 7 e 14;

Receita de um antibiótico por 7 dias;

A aplicação na veia, em até 7 dias, do soro antirrábico.

Ainda conforme o ministério, o protocolo pode variar de acordo com a gravidade do acidente.

O que dizem os citados

A Casa de Saúde informou ao g1 estar apurando internamente o ocorrido e reforçando, junto ao corpo clínico, o protocolo a ser aplicado nesses casos.

"A unidade segue, rigorosamente, todas as normas preconizadas pela Vigilância em Saúde, bem como por meio das boas práticas da medicina, para o atendimento individualizado a casos de qualquer natureza", diz a nota da Casa de Saúde.

A direção da Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar afirmou que, diante do caso da Daniela, que vai reforçar a orientação do protocolo com as equipes. "No Hospital Mário Gatti, todas as equipes estão orientadas a informar que, em casos como este, o ideal é se dirigir até uma unidade de saúde, onde um profissional vai avaliar o caso e o tratamento necessário."

Procurado pelo g1, o CiaTox informou que, nos casos de profilaxia de raiva, orienta os pacientes a procurarem a unidade de saúde mais próxima de sua residência para iniciar o tratamento.

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