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Alagamentos constantes em obras da Linha 6-Laranja do Metrô preocupam moradores do entorno; veja vĂ­deos

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Por Redação em 06/03/2024 às 10:06:30
Inundações aconteceram na área de construção das estações 14 bis, Sesc-Pompeia e Perdizes. A linha é a mesma em que houve um acidente na Marginal Tietê, na Zona Norte da capital, em 2022. Enxurrada em obra da futura estação 14 Bis da Linha-6 Laranja engole carros em SP

Os alagamentos constantes nos canteiros de obras da Linha 6-Laranja do Metrô no Centro e na Zona Oeste de São Paulo tem assustado e preocupado moradores do entorno.

Na noite desta terça-feira (05), em virtude das fortes chuvas que caíram na capital paulista, foi a vez das obras no canteiro da futura estação 14 bis, na Bela Vista, que encheu de água e alagou as ruas do entorno, invadindo prédios e causando prejuízos aos condomínios.

O canteiro da rua Paim, onde será uma das saídas da futura estação, ao menos dois carros foram engolidos pelos alagamentos da obra (veja vídeo acima).

Chuva engole carro em obra da Linha 6-Laranja na rua Paim, na Bela Vista, e transborda área da obra na rua Dona Antônia de Queiroz.

Reprodução

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Situação semelhante no canteiro do túnel de ventilação da rua Dona Antonia de Queiroz, que desde outubro do ano passado vem enfrentando problemas de alagamentos.

Carro é engolido por obra da Linha 6-Laranja do Metrô na Rua Paim, na Bela Vista, Centro de SP, por causa da chuva desta terça-feira (05).

Abraão Cruz/TV Globo

Segundo relato de moradores ouvidos pelo g1, a água transborda nos túneis da obra e começa a jorrar para fora, alagando comércios e prédios do entorno (veja vídeo abaixo).

Pelo menos um edifício no número 51 da rua Dona Antonia de Queiroz está sem elevador nesta quarta (06), em virtude do temporal do dia anterior que voltou a alagar.

Moradores sofrem com alagamentos em obra do Metrô na rua Dona Antonia de Queiroz, em SP

A água invadiu novamente a garagem do edifício mas, desta vez, não entrou nos carros. Em chuvas anteriores, o mesmo canteiro na esquina da rua Frei Caneca causou alagamentos na região e chegou até a invadir uma farmácia, no início de janeiro deste ano.

Por meio de nota, a concessionária Linha Uni – responsável pelas obras da Linha 6-Laranja do Metrô em parceria com a empresa Acciona, disse que os alagamentos nas obras da Bela Vista são culpa da chuva e "os danos não têm qualquer relação com atividades da obra e eventuais prejuízos estão sendo avaliados".

"A força das chuvas desta terça-feira (5) que afetaram a região da praça 14 Bis acabaram derrubando parte de um muro do canteiro de obras de acesso à futura Estação 14 Bis da Linha 6-Laranja de metrô", disse a concessionária.

Canteiro de obras da Linha 6-LAranja, na rua Paim, na Bela Vista, cedeu e engoliu carros na chuva desta terça-feira (5), no Centro de SP.

Abraão Cruz/TV Globo

"Felizmente, ninguém se feriu. A Linha Uni informa que o grande volume de água também arrastou um veículo que estava estacionado nos arredores para dentro do canteiro", afirmou a Linha Uni.

Alagamentos na Pompeia

Duas obras da Linha-6 Laranja do Metrô alagam na Zona Oeste de SP

Os alagamentos nas obras da Linha 6-Laranja não acontecem apenas na Bela Vista. Conforme o g1 publicou no ano passado, no bairro da Pompeia, Zona Oeste, os canteiros de obras das futuras estações Sesc-Pompeia e Perdizes também sofrem com o problema desde 2022.

Procurado no ano passado, o governo do Estado disse que a situação da obra é de responsabilidade da Acciona, empresa espanhola que dá continuidade às construções e faz parte da Concessionária Linha Universidade (Linha Uni.

Em nota, a Concessionária Linha Universidade (Linha Uni) – por meio da qual a Acciona firmou o contrato de Parceria Público-Privada (PPP) com o governo estadual – disse que as obras não foram interrompidas e seguiram normalmente após o bombeamento das águas das chuvas. "Esta é uma área historicamente sujeita a alagamentos", afirmou a Linha Uni.

Imagem mostra obra da Linha-6 Laranja, onde será criada a estação Perdizes, alagada

Arquivo pessoal/Daniel Guth

Cratera na Marginal Tietê

A Linha-6 Laranja é a mesma em que houve um acidente na Marginal Tietê, na Zona Norte da capital, abrindo uma cratera que engoliu o asfalto e interditando a via, em fevereiro de 2022.

LEIA MAIS: Causas do acidente na Linha 6-Laranja do Metrô seguem desconhecidas

Anunciada em 2012, a obra tem como objetivo ligar o Centro à Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo. Até hoje, nenhuma estação foi inaugurada.

Desabamento em obra da linha 6-Laranja interdita Marginal Tietê

Com 15 km de extensão e 15 estações, a linha irá reduzir a 23 minutos um trajeto que hoje é feito de ônibus em cerca de uma hora e meia. Quando estiver concluída, cerca de 630 mil passageiros devem usar a linha diariamente.

Estão previstas conexões com as linhas 4-Amarela, do Metrô, e com a 7-Rubi e a 8-Diamante, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

As obras estão sendo realizadas pela empresa espanhola Acciona, em uma Parceria-Público-Privada. Segundo o governo, a concessão inclui também a aquisição da frota de 22 trens e prevê 19 anos para manutenção e operação da linha. O investimento é de R$ 15 bilhões.

Histórico da obra

Em 2008, o então governador de São Paulo, José Serra (PSDB), prometeu que iria entregar a ampliação da Linha Laranja até a Brasilândia até 2012. As obras começariam em 2010 e custariam cerca de R$ 2 bilhões. O então prefeito de São Paulo da época, Gilberto Kassab (DEM), afirmou que em parceria com o governo do estado iria investir R$ 1 bilhão no metrô.

No entanto, as obras não foram para frente. Quatro anos depois, já sob o governo de Geraldo Alckmin (PSDB), a nova previsão era as obras começarem em 2013 e ficarem prontas em 2019. O custo quadruplicou – passou para R$ 8 bilhões. Em 2012, mais de 400 imóveis fora desapropriados para a construção da linha.

As obras começaram apenas em 2015. Em 2016, o consórcio Move São Paulo, responsável pela Linha 6-Laranja, alegou que não poderia dar continuidade à construção da linha por falta de dinheiro.

Tatuzão da Linha 6 - Laranja do Metrô chega à futura estação Perdizes

O consórcio teve a Parceria Público-Privada (PPP) suspensa pelo governo do estado em 2018. Na época, o secretário dos Transportes Metropolitanos Alexandre Baldy disse que a interrupção das obras se deu pelo envolvimento de empresas do consórcio na Operação Lava Jato, que desvendou esquema bilionário de lavagem de dinheiro e pagamentos de propina.

Em 2019, a empresa espanhola Acciona assumiu os direitos do consórcio para tocar o empreendimento.

Em fevereiro de 2020, o então governador João Doria (PSDB) informou que as obras seriam retomadas e a obra seria entregue em quatro anos, até 2024. Em outubro daquele mesmo ano, a nova promessa de entrega passou para 2025.

Tatuzão chega na futura estação Vila Formosa da Linha 2-Verde

Segundo o atual governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a intenção da secretaria de Transportes Metropolitanos é inaugurar primeiro o trecho entre as futuras estações Vila Formosa e Vila Prudente e, só em 2027, o trecho que vai até a futura estação Penha, na Zona Leste.

"A ideia é que em 2026 a gente esteja operando no primeiro trecho, que vai da Vila Formosa até a Vila Prudente e em 2027 operando Penha até Vila Prudente. E já no ano que vem a gente começa a escavação para levar o Metrô pro Bonsucesso, em Guarulhos, que vai acontecer posteriormente", disse Tarcísio.

"A gente tem que acertar alguns detalhes. Fechar ainda a questão do projeto executivo. A gente tem que definir exatamente o cronograma. Vai ser posteriormente a 27. Deve acontecer lá pra 28 ou 29. Mas o importante agora, nessa etapa: Vila Formosa até Vila Prudente 2026. E, a partir de 2027, nós vamos ter a finalização da Penha até a Vila Prudente", completou.
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