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Na Palestina, chanceler de Lula diz que hĂĄ 'atrocidades' em Gaza e defende ajuda humanitĂĄria

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Por Redação em 17/03/2024 às 13:08:59
Mauro Vieira desembarcou neste domingo em Ramala e se reuniu com chanceler da Palestina. Viagem ao Oriente Médio não inclui ida a Israel, onde Lula foi declarado 'persona non grata'. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou neste domingo (17) que há "atrocidades" na Faixa de Gaza e defendeu a concessão de ajuda humanitária ao povo palestino.

Vieira deu as declarações em entrevista exclusiva à repórter Paola de Orte, da GloboNews, em Ramala, na Cisjordânia. O chanceler cumpre agenda no território palestino neste domingo. Entre os compromissos, ele se reuniu com o o chanceler da Palestina, Riyad al-Maliki.

"Eu vim reafirmar, renovar o apoio do Brasil à cessação das hostilidades em Gaza, à libertação dos reféns, à ajuda humanitária, para pôr fim às atrocidades e às mortes e ao sofrimento do povo palestino em gaza", declarou Mauro Vieira.

Ele também disse que agradeceu a al-Maliki pela "colaboração" da Palestina nas ações do governo brasileiro para repatriar, no ano passado, brasileiros que estavam na Cisjordânia e na Faixa de Gaza após o início da guerra entre o grupo terrorista Hamas e Israel.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desembarcou na Palestina, em meio à crise diplomática entre o Brasil e Israel.

A viagem faz parte de um giro de cinco dias que o chanceler brasileiro fará por quatro localidades do Oriente Médio: Palestina, Jordânia, Líbano e Arábia Saudita. Não está prevista uma visita do ministro brasileiro a Israel.

Os chanceleres do Brasil, Mauro Vieira, e da Palestina, Riyad al-Maliki, durante encontro neste domingo

Divulgação/Itamaraty

Segundo o Itamaraty, no encontro com Riyad al-Maliki, o palestino "descreveu a extrema gravidade da situação humanitária em Gaza".

Na reunião, Vieira e al-Maliki discutiram a guerra entre Israel e o Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Desde o início da guerra, segundo o Hamas, mais de 30 mil pessoas morreram em razão do conflito.

A reunião entre os dois chanceleres aconteceu no contexto da crise diplomática do Brasil com Israel, causada por declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem se referido ao que acontece em Gaza como um "genocídio". Lula também tem enfatizado que mulheres e crianças inocentes estão entre as vítimas.

Em razão dessas e de outras declarações — como a que comparou as mortes na região ao que Adolf Hitler fez contra os judeus —, Lula foi declarado "persona non grata" pelo governo de Benjamin Netanyahu.

Em resposta a esse episódio e diante da avaliação de que o governo local quis "humilhar" o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer, Lula chamou o diplomata de volta ao Brasil para consultas. De caráter excepcional, a medida demonstrou, em linguagem diplomática, a insatisfação do Brasil com o governo israelense.

"[Durante a viagem, Mauro Vieira] tratará de questões regionais de relevância e interesse mútuo, em particular o conflito e a aguda crise humanitária que atingem a Faixa de Gaza e sua população, bem como as perspectivas para estabelecimento de um cessar-fogo e eventual retomada de negociações voltadas a alcançar paz duradoura para o Oriente Médio", informou o governo brasileiro.

Neste domingo, Vieira também representa Lula em uma cerimônia na qual será concedido ao petista o título de membro honorário do Conselho dos Curadores da Fundação Yasser Arafat.

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Conselho da ONU

Durante a presidência brasileira do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), em outubro do ano passado, o Brasil tentou aprovar resoluções que levassem a um cessar-fogo na região e também à manutenção de corredores humanitários para saída de civis.

Os textos, contudo, acabaram rejeitados — embora tivessem sido apoiados pela maioria dos integrantes do conselho.

Os Estados Unidos — país com direito a veto por ter direito a assento permanente no Conselho —, por exemplo, rejeitaram propostas argumentando que as redações não condenavam explicitamente o Hamas ou não deixavam claro o direito de Israel reagir ao ataque.

"[Na viagem ao Oriente Médio, Mauro Vieira] reiterará ainda o compromisso brasileiro com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e em segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas", informou o Ministério das Relações Exteriores.

Conforme o Itamaraty, Mauro Vieira também abordará na viagem temas como cooperação técnica, comércio e investimentos.
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