Município admite maior tempo de espera para pacientes com sintomas leves e atribui o aumento à pressão de várias doenças ao mesmo tempo. Pacientes de hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Campinas relataram, na manhã desta quarta-feira (20), à EPTV, afiliada da TV Globo, dificuldades para conseguir atendimento nas emergências da cidade.
A situação ocorre em meio ao aumento de atendimentos na rede pública da metrópole, confirmada pela prefeitura na terça-feira (19). A administração reconhece que o tempo de espera aumentou.
A dona de casa Tamires Praxedes afirmou que a filha está com infecção de urina desde o dia 8 de março e, sempre que ela procura atendimento, a demora é grande. "Só para tirar o exame foi 2 horas e meia. Está muito lotado", disse.
A auxiliar de limpeza Kátia dos Santos está com a sogra com sintomas de dengue e disse que a demora maior é para a entrega dos resultados de exame.
"Para medir pressão não demora, essas coisas, não demora. O que está demorando muito é a medicação e os resultados de exame. Tem gente que está desistindo, indo embora, aí não tem vaga em outro lugar e volta para cá", explicou.
Suspensão de licenças
Nesta quarta, a Rede Mário Gatti, que administra os hospitais municipais, UPAs, e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da metrópole, informou que suspendeu as autorizações de licenças-prêmios de médicos e multiprofissionais por 180 dias. A decisão foi publicada no Diário Oficial.
A Rede Mário Gatti ainda informou que a decisão foi tomada por conta da alta nos atendimentos e leva em consideração, ainda, o período sazonal de doenças respiratórias no período de março a agosto, o que provoca a elevação significativa dos atendimentos médicos e de enfermagem.
"De acordo com a Rede Mário Gatti, a medida leva em conta, ainda, o elevado absenteísmo dos profissionais de saúde, sem possibilidade de reposição imediata, o que prejudica a composição das escalas de trabalho e o risco de desassistência em setores nos quais há limitação de trabalho em horas extras", diz o texto da nota.
Aumento de atendimentos
A busca por atendimento nas unidades de urgência e emergência da Prefeitura de Campinas (SP) disparou 43,5% em uma semana, segundo dados da Rede Mário Gatti.
Pacientes atendidos nas unidades:
11 de março de 2024: 2.447 atendimentos
18 de março de 2024: 3.512 atendimentos
+ 43,5%
Com isso, o município admite que está havendo um maior tempo de espera para pacientes com sintomas leves. "Com a alta demanda, os casos de menor risco, classificados em azul ou verde, precisam aguardar mais tempo pelo atendimento", disse em nota.
Por isso, a orientação do município é que pacientes com quadros leves, principalmente de dengue e Covid-19, tentem priorizar os postos de saúde. Veja recomendação:
Com dor e febre: procurar o posto de saúde mais próximo de casa
Com tontura, dor abdominal forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramento: buscar atendimento nos prontos-socorros ou UPAs.
Dengue, Covid-19 e outras doenças
Ao g1, o presidente da Rede Mário Garri, Sergio Bisogni, afirmou que as redes pública e privada de saúde estão sendo pressionadas, ao mesmo tempo, por diferentes causas:
Aumento de doenças em crianças (30% do total de consultas);
Aumento dos atendimentos de dengue (12% do total de consultas);
Aumento dos atendimentos de Covid-19;
Aumento de pacientes crônicos com agravamento das doenças;
"Isso está acontecendo na rede privada de Campinas também. É geral a situação. Deu um pico de doenças que coincidiu dengue, comorbidades em adultos e doenças nas crianças tudo junto", afirmou Bisogni.
Aumento por unidades
Segundo dados Rede Mário Gatti, todas as unidades de urgência registraram alta nos atendimentos. Veja números:
UPAs Carlos Lourenço, Anchieta, São José e Campo Grande: 1.147 atendimentos para 1.939 (+69%)
Prontos-socorros do Mário Gatti, Mário Gattinho e Ouro Verde: 1.300 para .1573 (+21%)
Bisogni afirmou que nas unidades da rede não há falta de médicos. Explicou que eventualmente pode faltar um profissional ou outro por afastamento médico, mas que o quadro está completo. "Não temos tido problemas, é que a demanda é muito grande mesmo".
Outros hospitais
Na semana passada, todos os leitos de urgência e emergência no SUS do Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-7) operavam com sua capacidade máxima, ou seja, não havia leitos em prontos-socorros e pronto atendimentos.
São 254 leitos de urgência e emergência nas unidades de saúde públicas municipais e estaduais nos 42 municípios que integram o DRS-7, com sede em Campinas.
Superlotação no HC da Unicamp
Heitor Moreira/EPTV
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