Multa da agência reguladora representa 12% do lucro líquido da companhia no ano passado no estado. Faturamento da companhia no período foi de R$ 19,2 bilhões. Empresa afirma que tem intensificado os investimentos para melhorar a rede de serviços, aportando o valor histórico de R$ 1,96 bilhão em 2022 e R$ 1,64 bilhão ano passado. Operações da Enel no estado de São Paulo Enel/DivulgaçãoMultada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em R$ 165,8 milhões após o apagão que deixou boa parte da cidade de São Paulo no escuro no ano passado por uma semana, a Enel ainda não quitou a dívida com a agência. Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsAppA multa foi aplicada no início de fevereiro deste ano e tinha dez dias para ser paga ou contestada pela companhia, segundo a Aneel (veja vídeo abaixo). Passado mais de um mês do fim do prazo, a concessionária de energia ainda não liquidou a dívida e, de acordo com a agência, há um recurso administrativo interposto pela concessionária em fase de análise. Isso significa que a empresa discute a forma de pagamento da punição com o órgão regulador.SP: Multas contra a Enel somam R$ 321,6 milhõesR$ 321,5 milhões em multas aplicadasSegundo a agência, desde 2018 a Enel foi autuada nove vezes pela agência por problemas operacionais ou na prestação de serviços em São Paulo. Em pelo menos sete processos, a empresa foi multada.No total, a Aneel já aplicou R$ 321 milhões em multas na concessionária paulista. Apenas três delas haviam sido pagas até a última atualização desta reportagem. Desde 2019, a empresa recorre na agência por multas aplicadas e não efetuou nenhum outro pagamento desde 2021. Apesar disso, o lucro líquido da empresa em 2023 foi de R$ 1,3 bilhão no ano (veja mais abaixo).Autuações da Aneel contra a Enel SPPor meio de nota, a Enel Distribuição São Paulo disse que tem "intensificando os investimentos para elevar a qualidade do serviço e enfrentar os desafios por que passa o setor elétrico com avanço das mudanças climáticas". "Desde 2018, quando a Enel adquiriu o controle da Eletropaulo, a companhia investiu R$ 8,34 bilhões na área de concessão em São Paulo, que inclui a capital e 23 municípios. A companhia tem realizado uma média anual de investimentos da ordem de R$ 1,35 bilhão por ano, contra cerca de R$ 800 milhões por ano investidos pelo controlador anterior. Em 2022 e 2023, foram aportados cerca de R$ 1,96 bilhão e R$ 1,64 bilhões, respectivamente, um recorde histórico de investimentos", disse.Lucro líquido de R$ 1,3 bilhão Apagão em bairros centrais de São Paulo completa quase 60 horasAlém de São Paulo, a concessionária, com sede em Roma, tem operações no Brasil também nos estados do Rio de Janeiro e do Ceará. Ao todo, a Enel atende 36 milhões de pessoas no Brasil (7,5 milhões são moradores de cidades paulistas). A multa de R$ 165 milhões representa apenas 0,85% dos R$ 19,2 bilhões faturados pela empresa durante todo o ano passado apenas no estado de São Paulo ou 12% do lucro líquido da companhia no período, que foi de R$ 1,3 bilhão.Segundo o relatório anual de administração da companhia, a receita líquida da Enel em 2023 cresceu 2,5% em relação ao ano anterior (2022), quando o faturamento total foi de R$ 18,7 bilhões em São Paulo. Mapa da operação da Enel no BrasilReprodução/GloboNewsNo período, a companhia elétrica paulista teve lucro líquido de R$ 1,3 bilhão, queda de 7,7% em relação aos R$ 1,4 bilhão de 2022.Porém, o chamado Ebitda da empresa (lucro antes dos descontos com impostos, juros, amortização e depreciação) – usado para avaliar a saúde financeira das empresas na bolsa de valores – foi de R$ 4,38 bilhões. O valor significa alta de 4,7% (R$ 197,1 milhões) em relação ao mesmo período em 2022, quando o Ebitda da Enel somou o valor de R$ 4,18 bilhões. "O aumento do Ebitda é explicado principalmente pelo aumento da receita operacional líquida, resultado do menor nível de deduções no período", disse o relatório publicado pela companhia. Total de multas contra a Enel na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)Reprodução/GloboNewsDiferentemente do lucro líquido, o indicador Ebitda mostra o resultado operacional da empresa juntamente com a depreciação e amortização. Significa a geração de caixa com as operações gerais da empresa. É a cifra usada para entender o funcionamento anual e ajuda na tomada de decisões dos executivos na hora de fazer novos investimento.Dito isso, a multa de R$ 165 milhões aplicada pela Aneel representa menos do que os R$ 197,1 milhões que a empresa teve de acrécimo no Ebitda durante o período de 2023.O que diz a EnelCom tantos números positivos, a empresa afirma que estratégia no período de 2024-2026 é investir quase US$ 3 bilhões em distribuição de energia nas três áreas de concessão onde atua (RJ, SP e Ceará), "principalmente para aumentar a qualidade e a resiliência da rede elétrica e melhorar o serviço prestado aos clientes". "Muitas iniciativas já estão em curso, como a modernização da estrutura da rede, a digitalização do sistema, o aperfeiçoamento dos canais de comunicação com os clientes, além da elevação dos graus de criticidade nos planos de contingência e a mobilização de mais equipes em campo", declarou a companhia.O objetivo dos investimentos, segundo a empresa, é melhorar os indicadores operacionais DEC - que medem o tempo médio que cada unidade consumidora ficou sem energia elétrica - e FEC (que contabiliza o número de interrupções ocorridas) nas áreas onde atua. "[Esse indicadores já] estão melhores do que os valores estabelecidos pela Agência Federal (Aneel) para a área de concessão de São Paulo. E a Enel está focada em reduzi-los ainda mais: desde 2017 (ano anterior à chegada de ENEL em SP) esses indicadores já melhoraram quase 50%", declarou.Nova investigação na AneelNa terça-feira (19), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, encaminhou um ofício à Aneel determinando "célere e rígida apuração dos fatos, bem como responsabilização e punição rigorosa da concessionária", que tem de apresentado problemas constantes na qualidade da prestação dos serviços.A notícia foi divulgada após moradores do Centro de São Paulo ficarem sem luz desde segunda-feira (18)."A interrupção nesta segunda-feira se soma a diversas outras falhas na prestação dos serviços de energia elétrica pela concessionária ENEL SP, que tem demonstrado incapacidade de prestação dos serviços de qualidade à população", disse a nota do ministério.Ministério de Minas e Energia pede esclarecimentos para a Enel sobre apagão em São PauloA nova investigação pode gerar novas multas para a empresa paulista. A concessionária também foi notificada pelo Procon-SP para que envie informações detalhadas sobre as interrupções no fornecimento de energia elétrica em diversos pontos da Capital paulista, desde a última sexta-feira (15), quando o aeroporto de Congonhastambém precisou interromper suas operações.As explicações devem ser enviadas em até 7 dias e serão analisadas pelos especialistas do Procon-SP.O que diz a Enel sobre o novo apagãoPor meio de nota nesta sexta-feira (22) que "lamenta os transtornos causados aos clientes que nos últimos dias foram impactados por ocorrências envolvendo a rede de distribuição subterrânea da companhia na região Central da cidade". "A distribuidora esclarece que os problemas iniciaram a partir de danos provocados em distintos circuitos subterrâneos, cuja reparação é complexa e demorada, dada as dificuldades e especificidades desse tipo de rede (galerias subterrâneas). As redes que foram impactadas localizam-se nas regiões de Higienópolis, Santa Cecília e 25 de Março". "A Enel reitera que tem empenhado todos os esforços e recursos para restaurar os parâmetros originais e a configuração das redes afetadas. A companhia também tem disponibilizado geradores de médio e grande porte para abastecer os clientes impactados, enquanto segue trabalhando nos reparos até a plena normalização do serviço", completou a empresa.