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Caso Marielle: 'Trabalhos foram dados como encerrados', diz Lewandowski após prisão de supostos mandantes

Domingos e Chiquinho Brazão foram presos neste domingo, suspeitos de mandar matar Marielle Franco em 2018.

Por Redação em 24/03/2024 às 14:15:46
Foto: Reprodução internet

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Domingos e Chiquinho Brazão foram presos neste domingo, suspeitos de mandar matar Marielle Franco em 2018. Então chefe da Polícia do Rio, Rivaldo Barbosa também foi preso. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que a prisão neste domingo (24) dos supostos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), cometido em 2018, é uma "vitória do Estado brasileiro".

Segundo Lewandowski, com a identificação dos supostos mandantes, pode-se dizer que os "trabalhos foram dados como encerrados".

"Este momento é extremamente significativo, é uma vitória do Estado brasileiro, das nossas forças de segurança do país com relação ao combate ao crime organizado", disse o ministro.

"É claro que podem surgir novos elementos que levarão eventualmente a um relatório complementar da Polícia Federal. Mas neste momento, os trabalhos foram dados como encerrados."

Mais cedo, Domingos e Chiquinho foram presos no Rio de Janeiro como supostos mandantes do assassinato de Marirelle, em 2018, no qual também morreu o motorista Anderson Gomes. O delegado Rivaldo Barbosa também foi preso, suspeito de atrapalhar as investigações.

Os três foram alvos de mandados de prisão preventiva expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A Operação Murder, Inc. foi deflagrada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e pela Polícia Federal (PF). O caso era investigado pela PF desde fevereiro do ano passado.

Quem são os suspeitos de mandar matar Marielle

Rivaldo Barbosa assumiu Polícia Civil na véspera do atentado é suspeito de ter combinado não investigar o caso

A prisão acontece após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa – que está preso desde 2019, sob acusação de ser um dos executores do crime. Lessa apontou quem eram os mandantes e também indicou a motivação do crime.

Os investigadores ainda trabalham para definir por que Marielle foi morta. Do que já se sabe, o motivo tem a ver com a expansão territorial da milícia no Rio.

Da delação às prisões

Segundo Lewandowski, a colaboração premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa – suspeito de ter dado os tiros que mataram Marielle Franco e Anderson Gomes – permitiu que a PF concluísse o relatório.

Com as conclusões do inquérito em mãos, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, determinou as medidas cumpridas neste domingo, incluindo as três prisões.

Lewandowski também detalhou as demais medidas cautelares determinadas contra outros investigados que não foram presos neste domingo:

Erica de Andrade Almeida Araújo, mulher de Rivaldo Barbosa;

Giniton Laje, primeiro delegado a cuidar do caso na Polícia Civil do Rio;

Marco Antônio Barros, comissário da Polícia Civil do Rio.

Segundo o ministro da Justiça, as medidas cautelares incluíram:

Busca e apreensão nas casas e veículos, menos nas dependências do congresso nacional;

arresto (apreensão) de bens e valores;

congelamento de contas bancárias;

acesso ao conteúdo de dados em computadores, tablets, celulares, apreensão de documentos.

"Todos são obrigados usar tornozeleiras eletrônicas, a entregarem seus passaportes, estão proibidos de se comunicarem com os demais investigados", emendou Lewandowski.

Família se manifesta

Por meio de nota, a família de Marielle Franco definiu este domingo como sendo um "dia histórico para a democracia brasileira". Afirmou, ainda, que este também foi um "passo importante"na busca por justiça no caso de Marielle e Anderson.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmão de Marielle, comemorou, por meio de mensagem em rede social, a prisão de três supostos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

"Só deus sabe o quanto sonhamos com esse dia! Hoje é mais um grande passo para conseguirmos as respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos: quem mandou matar a Mari e por quê?Agradeço o empenho da PF, do gov federal, do MP federal e estadual e do ministro Alexandre de Moraes. Estamos mais perto da Justiça! Grande dia!", afirmou.

Outro lado

A defesa de Domingos Brazão afirmou que o conselheiro do TCE do RJ é inocente.

"Tenho certeza absoluta que improcede essa imputação. Ele não conhecia a Marielle, não tinha nenhuma ligação com a Marielle, e agora cabe à defesa provar isso (...) Tenho certeza absoluta que ele é inocente", disse o advogado Ubiratan Guedes, na porta da sede da PF na Zona Portuária do Rio.

O advogado Carlos Henrique Dias, que faz a defesa de Rivaldo Barbosa, não falou com os jornalistas.

Alexandre Dumans, que advoga para a Associação de Delegados (Adpol) da Polícia Civil, informou que a entidade dará toda assistência ao delegado.

Ainda de acordo com o defensor, ele ainda não teve acesso a investigação e busca detalhes do mandado de prisão e de busca e apreensão do seu cliente.

"A Adepol vai dar assistência ao delegado Rivaldo. Eu ainda não tive acesso aos altos e nem ao doutor. (Mas) Seremos constituídos e a Adepol, sem dúvida, ficará com o caso dele", disse o advogado.

Delegados afastados

Além das três prisões neste domingo, foram expedidos 12 mandados de busca e apreensão na sede da Polícia Civil do Rio e no Tribunal de Contas do Estado.

A TV Globo apurou que entre os alvos estão o delegado Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios à época do atentado e o primeiro a investigá-lo, e Marcos Antônio de Barros Pinto, um de seus principais subordinados.

A jornalista Daniela Lima, da GloboNews, apurou que o ministro Alexandre de Moraes determinou o afastamento dos dois das atuais funções e o uso de tornozeleira.

Octávio Guedes apurou ainda que Erica de Andrade Almeida Araújo, mulher de Rivaldo, teve busca e apreensão decretada, bens bloqueados e a suspensão da atividade comercial de sua empresa, que, segundo a PF, lavava dinheiro para o marido.

Os agentes apreenderam documentos e levaram eletrônicos para perícia.
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