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Miliciano Orlando Curicica disse ao MP na cadeia que foi forçado pelo delegado Giniton Lages a assumir morte de Marielle; relembre

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Por Redação em 25/03/2024 às 09:21:11
Um dos primeiros apontados (injustamente) pela morte de Marielle e Anderson já tinha acusado os delegados Rivaldo Barbosa e Giniton Lages de tentar interferir nas investigações. Caso Marielle: JN tem acesso exclusivo a depoimento de suspeito

Um dos primeiros apontados (injustamente) pela morte de Marielle e Anderson já tinha acusado os delegados Rivaldo Barbosa e Giniton Lages de tentar interferir nas investigações (veja acima).

Rivaldo foi preso neste domingo (25), apontado como o mentor do atentado, ao lado de Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, suspeitos de mandar matar Marielle. Já Giniton foi afastado das funções e obrigado a usar tornozeleira eletrônica.

O miliciano Orlando Curicica já estava preso na Penitenciária Federal de Mossoró (RN) quando uma testemunha procurou a Polícia Federal (PF) e declarou que ele e o ex-vereador Marcello Siciliano eram os mandantes do atentado.

Agora, segundo a PF, essa testemunha foi plantada pelos reais mandantes. De acordo com as investigações, o PM Rodrigo Ferreira, o Ferreirinha, era funcionário de gabinete de Domingos Brazão e, a pedido de Rivaldo, foi orientado pelo chefe a incriminar Orlando e Siciliano — a fim de desviar o foco das autoridades.

Em dezembro de 2018, o Jornal Nacional obteve, com exclusividade, o depoimento de Curicica.

Ex-PM e miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica

Reprodução

O miliciano pediu para ser ouvido pelo Ministério Público Federal, alegando que estava sendo pressionado pela polícia do Rio para assumir a autoria do assassinato de Marielle.

Curicica contou a dois procuradores federais, no dia 22 de agosto de 2018, que o então responsável pela Divisão de Homicídios, Giniton Lages, esteve no presídio de Bangu em maio. O delegado queria ouvir ele confessar que matou Marielle a mando de Siciliano.

Em resposta a Giniton, Curicica disse que não tinha envolvimento com o caso. O delegado teria pedido então para ele acusar Siciliano.

"Fala que o cara te procurou, pediu pra você matar ela, você não quis, e o cara arrumou outra pessoa. Mas que o cara que pediu pra matar ela", narrou.

Orlando recusou e disse que foi ameaçado. Falaram que iam transferi-lo para um presídio federal e colocariam mais três ou quatro homicídios na conta dele.

Curicica lembrou que o delegado chegou a prometer a ele perdão judicial, caso confessasse. Segundo o miliciano, Giniton Lages disse que veio no carro sonhando com isso. Que se ele aceitasse, seria o fim do caso Marielle.

Orlando chegou a vestir a farda de Policial Militar por um ano, mas escolheu o caminho do crime e se tornou chefe de uma milícia que cobra por serviços clandestinos e segurança impondo medo aos moradores da Zona Oeste do Rio. Principalmente, no bairro de Curicica – daí o apelido.

Ele foi preso em 2017, por homicídio e por porte ilegal de arma.

O que disse a polícia na época

Rivaldo Barbosa, então chefe da Polícia Civil, disse que as declarações de Orlando eram levianas e tinham o objetivo de tumultuar a investigação do caso Marielle, "conduzida com dedicação e seriedade".

A Polícia Civil declarou que a conduta de Rivaldo Barbosa à frente da Divisão de Homicídios e de outras unidades policiais sempre foi pautada pela honestidade e honradez. Afirmou também que as ilações feitas por Orlando tentam desmoralizar e desacreditar instituições idôneas.
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