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Um Festival com a cara do Brasil

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Por Redação em 05/04/2024 às 18:47:10
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Anualmente, a curadoria busca ampliar e aperfeiçoar a programação, trazendo obras premiadas das diversas regiões do país e que reflitam discussões atuais da sociedade. Bois de Parintins Caprichoso e Garantido, abrem o 32º Festival de Curitiba no Teatro Positivo - Viasoft Experience

Daniel Sorrentino

Por Festival de Curitiba

No Brasil, a cultura desempenha um papel fundamental na formação pessoal e social dos indivíduos. Tem a capacidade de moldar identidades, de promover a compreensão mútua entre as pessoas, de inclusão e de enriquecer a experiência humana. E, pensando em um país tão diverso, onde diferentes etnias, tradições e perspectivas coexistem, ela se torna uma ponte para unir a sociedade, conectando raízes e heranças culturais, abrindo o imaginário para novas ideias, visões de mundo e formas de expressão, fortalecendo assim a identidade nacional.

E é essa toada, de abraçar as singularidades de todo o país, que impulsiona as escolhas para o Festival de Curitiba, que em cada edição busca, cada vez mais, tornar a iniciativa um acontecimento nacional, começando pela visão da curadoria que atua com um olhar expandido, minucioso, para construir uma grade de programação vasta, com atrações que representam toda a pluralidade cultural brasileira e as temáticas presentes nas discussões atuais.

A intenção do Festival é promover esse intercâmbio cultural, de maneira a acessar toda a potência de diversidade e criatividade existentes em todos os rincões do Brasil. E que, muitas vezes, ainda é desconhecida para a maioria, explica Fabíula Passini, diretora do Festival de Curitiba. "Mostrar o quanto o nosso país possui um repertório rico, poderoso e lindo, o quanto nossa gente tem amor por essa terra, nas mais distintas expressões artísticas, é enriquecedor, fantástico! Tem a capacidade de nos humanizar. E poder trazer estas referências, de toda a gente brasileira, nos orgulha demais, porque essas manifestações também são nossas, enquanto povo brasileiro", comemora.

Para a edição 2024 do Festival, a curadoria buscou trazer elementos de todas regiões, mas em especial desenhou um roteiro intitulado como "Eixo Amazônico". Foram incluídas nas mostras Lucia Camargo, Fringe, Temporadas Musicais e até no evento de música e gastronomia, o Gastronomix, atrações e companhias premiadas, representantes da cultura regional nortista, do bioma, e com temáticas focadas nos povos originários.

Representatividade de Norte a Sul

Mostra Lucia Camargo | TA - Sobre Ser Grande, com a Cia. de Dança do Amazonas

Lina Sumizono

Para a festa de abertura, por exemplo, o espetáculo 'Caprichoso e Garantido: O Duelo da Amazônia' foi escolhido como atração principal. Os bumbás de Parintins (AM), um dos maiores patrimônios culturais do país, chegaram pela primeira vez ao Sul para demonstrar a força da cultura popular da floresta, suas lendas, celebrações e rituais. A peça Azira'i, vencedora da principal premiação do teatro brasileiro, o prêmio Shell, por 'Melhor Atriz' e 'Melhor Iluminação', é outra escolha especial para o Festival. O enredo trata da relação da protagonista, a atriz Zahy Tentehar, com a mãe, a primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão.

Outras referências da grade de programação, integrantes do "Eixo Amazônico" são: Cabaré Chinelo, do grupo Ateliê 23, em parceria com a Cia de teatro argentina García Sathicq; o espetáculo TA – Sobre ser Grande, do Corpo de Dança do Amazonas, e a performance-ritual ÜHPÜ. De outras partes do Brasil, mas fora do eixo Rio - São Paulo, estão representantes de Porto Alegre (RS) - Meretrizes, do coletivo Projeto Gompa; e de Belo Horizonte vem Cabaré Coragem, do Grupo Galpão.

Curadoria: trabalho de pesquisa minucioso

O desenho da programação é complexo, envolve muitas variáveis que são consideradas durante a escolha da grade porque as obras precisam, no conjunto, estarem conectadas com o mote principal da edição, explica Daniele Sampaio, uma das curadoras do Festival de Curitiba. Ela conta que a curadoria sempre deseja promover encontros, descobertas, mas também apostar no dissenso, trazendo espetáculos que provocam o debate, a divergência de pontos de vistas ou narrativas, importante pilar do teatro e da democracia.

Curadores do Festival de Curitiba com a diretora do evento, Fabiula Passini **Da esquerda: Patrick Pessoa, Daniele Sampaio, Fabiula Passini e Giovana Soar

Annelize Tozetto

"Fizemos esse movimento, de nos mobilizar pelo país e explorar o que cada lugar nos oferece. Essa é uma das principais marcas do nosso trabalho. Não estamos simplesmente focados nas duas grandes capitais (RJ e SP) que, historicamente, dominam a cena artística. Elas também estão contempladas, embora façamos um exercício deliberado de expansão do olhar, conhecendo e participando dos festivais nacionais, internacionais, para justamente construirmos um festival que abrace a produção nacional", destaca Daniele.

Além da promoção nacional, nos mais de trinta anos de realização, o Festival de Curitiba também apresentou diversos espetáculos internacionais. Na edição de 2023, o evento contou com a peça Hamlet, uma produção peruana do Teatro La Plaza, e a peça Square, da companhia holandesa Wunderbaum. Este ano, o Circuito Independente (Fringe), por exemplo, apresenta os dramas Ensaio Sobre o Vazio; Os 120 Dias de Sodoma e Trilogia dos Corpos 1.0, todos da Companhia Aldea Cultura | Laboratório 21, de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.

Abraçando a cultura nacional

Guilherme Avila, CEO da Tradener, uma das empresas que apresenta a 32ª edição do Festival de Curitiba, comenta positivamente esse olhar "intercambista" da curadoria, e afirma que tem tudo a ver com a realidade da empresa, que apesar de sediada em Curitiba, atende consumidores de energia livre em todo o país. "A gente também se depara com a diferença cultural no nosso dia a dia. E o Brasil é um país de dimensões continentais, então a cultura do sul é muito diferente da do norte, do nordeste, do centro-oeste. Achei sensacional a ideia de trazer espetáculos de outras regiões. Nos deixa ainda mais orgulhosos em apoiar o Festival", elogia o CEO.

A Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), possui a maior presença como apoiadora de eventos culturais no estado, tem como estratégia ser parceira de grandes eventos, conta o diretor de Comunicação e Marketing da Sanepar - Hudson José. "O Festival de Teatro de Curitiba também tem o reconhecimento como um evento de grandeza e de importância. Achamos que essa é uma boa associação", reforça o executivo.

Saiba mais sobre o Festival de Curitiba em www.festivaldecuritiba.com.br.
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