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Operação do governo do Brasil retira 7 brasileiros e 1 alemã do Haiti, onde hĂĄ uma crise de violĂȘncia

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Por Redação em 10/04/2024 às 17:19:53
Outros 59 brasileiros identificados pela embaixada em Porto Príncipe decidiram permanecer no país ou optaram por sair por meios próprios. Policiais haitianos em Porto Príncipe, em 8 de abril de 2024

Clarens Siffory / AFP

O governo do Brasil anunciou nesta quarta-feira (10) retirou sete brasileiros e uma alemã que estavam no Haiti porque o aeroporto de Porto Príncipe está fechado e há um "agravamento da situação de segurança" (leia mais abaixo).

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Para retirar as oito pessoas, o governo do Brasil organizou dois voos de helicóptero até a cidade de Jimaní, que fica perto da fronteira com a República Dominicana. De lá, as pessoas foram recebidas por funcionários da embaixada do Brasil e levadas até a capital, São Domingos.

Na operação de resgate foi incluída uma cidadã alemã idosa, por razões humanitárias. Segundo o texto do Itamaraty, isso ocorreu "a pedido e às custas do governo alemão".

Outros 59 brasileiros identificados pela embaixada em Porto Príncipe "decidiram permanecer no país ou optaram por sair por meios próprios", afirma a nota.

Haiti em crise

O Haiti está sem governo e enfrenta uma onda de violência das gangues. A violência desses grupos, que controlam mais de 80% da capital, agravou a crise humanitária no Haiti, onde há escassez de comida, medicamentos e outros produtos básicos.

O país não realiza eleições desde 2016 e sofre há anos com instabilidade política e de insegurança. A situação piorou desde o fim de fevereiro, quando várias gangues se aliaram para atacar delegacias, prisões, sedes do governo e o aeroporto.

Ariel Henry, o último primeiro-ministro haitiano, que renunciou em 11 de março. Ele havia viajado ao Quênia, mas, devido à insegurança na capital Porto Príncipe, não pôde retornar a seu país.

Acordo para formar um novo governo

Líderes políticos do Haiti firmaram nesta segunda-feira (8) um acordo político para formar um conselho presidencial de transição por 22 meses, e esperam agora ser investidos pelo Poder Executivo para poder restaurar a ordem no país,

Esse conselho terá nove membros (sete com direito a voto e dois observadores) e será integrado por representantes dos principais partidos do país, assim como do setor privado e da sociedade civil. O mandato está previsto para terminar em 7 de fevereiro de 2026, segundo o documento do acordo.

O primeiro trabalho do conselho será justamente eleger um novo primeiro-ministro que, em colaboração com o conselho, designará o governo encarregado de conduzir o país para "eleições democráticas, livres e críveis", segundo o acordo.

Nenhum dos membros do conselho ou do governo poderá se candidatar nessas eleições.

Sem governo e dominado por gangues, Haiti passa por nova crise política e humanitária

Comunidade do Caribe

As negociações para sucedê-lo, supervisionadas pela Comunidade do Caribe (Caricom), viram-se adiadas por desacordos internos e dúvidas jurídicas até este fim de semana.

No domingo à noite, os membros do conselho enviaram o acordo político e um decreto para sua entrada em vigor à Caricom.

O bloco regional deverá transmitir esses documentos ao governo demissionário de Henry para que confirme a investidura das novas autoridades no diário oficial do Estado.

Segurança, reformas e eleições

O órgão de transição estabelece três prioridades: "Segurança, reformas constitucionais e institucionais e eleições".

Em relação ao primeiro desses pontos, o acordo político anuncia a criação de um Conselho Nacional de Segurança (CNS) formado por especialistas haitianos e outros especialistas.

Esse CNS supervisionará os acordos relativos à assistência internacional em matéria de segurança, entre eles a resolução para o envio da missão impulsionada pela ONU.

As novas autoridades querem trabalhar no Palácio Nacional, no centro de Porto Príncipe, mas esse edifício foi alvo de vários ataques de gangues nas últimas semanas.
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