Segundo o estado, em 2023, a Filarmônica teria solicitado a rescisão do contrato do espaço e, por isso, foram procurados novos parceiros para o convênio. A orquestra nega intenção de entregar administração e diz que não participou das negociações. Gestão compartilhada da Sala Minas preocupa músicos e fãs da Orquestra FilarmônicaA Federação das Indústrias do estado (Fiemg) falou à imprensa, nesta quarta-feira (10), sobre o termo de cooperação técnica para a gestão compartilhada da Sala Minas Gerais. O espaço é a sede da Orquestra Filarmônica, que alega não ter participado das negociações e nunca ter manifestado intenção de entregar a administração. Durante uma entrevista coletiva, o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, afirmou que um dos objetivos do convênio é aumentar o número de visitas ao local, fomentando atividades educativas e culturais. "Entramos nessa história com a melhor intenção de contribuir com a cultura de Minas Gerais, como o Sesi faz. O que nós queremos fazer com a Sala Minas Gerais é efetivamente tornar possível que um volume maior de pessoas possa ir até a sala, dinamizar o complexo, já que o Espaço Mineraria, por exemplo, não tem hoje quase que atividade nenhuma", disse Roscoe. Sala Minas Gerais, da Orquestra Filarmônica Rafael Motta/DivulgaçãoO acordo entre a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e o Serviço Social da Indústria (Sesi), que faz parte da Fiemg, foi assinado na última sexta-feira (5). Ele inclui, além da Sala Minas Gerais, o Espaço Mineraria, ambos localizados no Centro de Cultura Presidente Itamar Franco, no bairro Barro Preto, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.Governo de MG firma acordo com Sesi para gestão da Sala Minas Gerais; Filarmônica diz que não foi incluída nas negociaçõesSegundo o Executivo estadual, a cooperação terá validade de 60 meses, a partir de abril, e o Sesi poderá explorar comercialmente os locais para a promoção de eventos de cultura. O acordo prevê a desocupação de todos os espaços pela Filarmônica até 31 de julho de 2024."Além da Orquestra Filarmônica, a Sala Minas Gerais passará a contar com apresentações da Orquestra Sesiminas, grandes produções musicais, nacionais e internacionais e espetáculos, eventos corporativos e celebrações empresariais. [...] Já o Espaço Mineraria deve receber uma escola de Gastronomia do Senai, além de eventos sociais", detalhou o governo do estado.De acordo com a Fiemg e a Codemig, em 2023, a Filarmônica teria solicitado ao governo a rescisão do contrato de utilização da Sala Minas Gerais. A orquestra nega (veja mais abaixo).Por isso, em janeiro deste ano, o termo de permissão de uso, uma espécie de "aluguel", foi renovado por apenas mais seis meses, com vencimento em 13 de julho, e o estado passou a buscar novos parceiros. Excluída das negociaçõesDesde 2020, o Centro de Cultura Presidente Itamar Franco é administrado pelo Instituto Cultural Filarmônica (ICF). A instituição afirma que ficou surpresa com a mudança, porque, pelo edital, a casa ficaria aos cuidados do ICF até o fim de 2024, com possibilidade de prorrogação até 2040. Centro de Cultura Presidente Itamar FrancoDanilo Girundi / TV Globo"O Instituto Cultural Filarmônica não participou em nenhuma etapa dessa negociação que levou a esse acordo", afirmou Diomar Silveira, presidente do instituto. A Orquestra Filarmônica também negou que tenha procurado o governo com a intenção de entregar a Sala Minas Gerais."A Sala Minas Gerais já possui uma ocupação por parte da Filarmônica de 270 dias por ano, sendo mais de 80 apresentações nas tradicionais séries de concertos com a presença de convidados de renome internacional e um público anual de cerca de 100 mil pessoas, além de ensaios e ações educacionais gratuitas, como os Concertos para a Juventude e os Concertos Didáticos", declarou o ICF.Além disso, o instituto pontuou que o espaço é o local de gravação de todos os álbuns da Filarmônica e de um estúdio próprio de TV para a transmissão ao vivo dos concertos."A ocupação da sala é muito maior do que se imagina. Nós estamos diariamente aqui. Existe uma ultra gama de instrumentos que, no geral, estão atrás da orquestra, que são instrumentos de grande porte. [...] E aqui você tem toda uma infraestrutura que permite que eles estejam, primeiro, bem acondicionados e muito próximos de onde são usados no palco", disse o músico Rafael Alberto, integrante da Filarmônica.Recomendação de suspensãoO Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) recomendou que a Codemig suspenda qualquer ato referente ao acordo de cooperação com o Sesi para a gestão compartilhada da Sala Minas Gerais que resulte na alienação do espaço.Em documento assinado na última terça-feira (9), o conselheiro do TCE Durval Ângelo ainda determinou a intimação do presidente da companhia, Thiago Toscano, para que ele preste esclarecimentos sobre o assunto no prazo de cinco dias úteis.TCE questiona acordo entre Codemig e Sesi para gestão da Sala Minas GeraisOs vídeos mais vistos do g1 Minas: