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Estudo confirma surgimento de nova espĂ©cie de borboleta amazônica por hibridização

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Por Redação em 22/04/2024 às 14:58:11
Primeiros cruzamentos de ancestrais do gênero Heliconius que deram origem à Heliconius elevatus ocorreram há cerca de 180 mil anos. Trabalho contou com a participação da equipe de André Freitas (ao centro), coordenador do Labbor do IB

Jornal da Unicamp

Um estudo publicado no site da revista Nature, na última quarta-feira (17), comprovou o surgimento de uma nova espécie de borboleta amazônica a partir da hibridização, fenômeno evolutivo que ocorre a partir do cruzamento de duas espécies diferentes.

Segundo o artigo, a borboleta da espécie Heliconius elevatus surgiu do cruzamento de ancestrais das atuais Heliconius melpomene e Heliconius pardalinus. As análises genéticas e ecológicas indicam que os primeiros cruzamentos entre as duas espécies ocorreram há cerca de 180 mil anos - período considerado curto na escala evolutiva.

O trabalho, liderado por cientistas da Universidade de York (Inglaterra) e de Harvard (EUA), teve participação de uma equipe brasileira comandada pelo professor André Freitas, coordenador do Laboratório de Ecologia e Sistemática de Borboletas (Labbor) do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp.

André destaca a importância da descoberta no sentido de confirmar mais um processo de formação de espécies. Segundo ele, a hibridização não é processo de diferenciação restrito a animais, sendo visto com frequência na formação de novas espécies de plantas.

Ele explica que o esperado é que uma ancestral dê origem a pelo menos duas outras espécies - por meio do isolamento de populações, por exemplo - mas, no caso da borboleta Heliconius elevatus, ocorreu o contrário: o cruzamento de duas espécies diferentes deu origem à ela.

"São duas espécies que dão origem a uma e isso não é comum no caso de animais. As duas ocorreriam em locais próximos, por isso os encontros foram possíveis no passado. Elas ainda vivem em toda região amazônica", comenta

André Freitas no acervo de espécies de borboletas mantido pelo Labbor do Instituto de Biologia

Jornal da Unicamp

"Existem muitos casos de espécies próximas que algumas vezes acasalam entre si. Um caso famoso é o de coiotes e lobos na América do Norte. Recentemente, sabemos que nossa espécie, Homo sapiens, acasalou com neandertais (Homo neanderthalensis) no passado, e temos hoje muitos dos seus genes em nossos corpos".

O estudo, que levou dez anos para ser concluído, mobilizou também pesquisadores do Peru, do Equador e da Colômbia. Segundo os autores, o mapeamento genético dos animais foi crucial para descobrir a base genética das múltiplas características que definem uma espécie.

De acordo com Marianne Elias, pesquisadora no Museu Nacional de História Natural de Paris, o estudo mostra que a hibridização pode ser um motor potente da evolução, ocorrendo com mais frequência do que se imagina.

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Além disso, o processo pode estar associado a consequências como mudanças no padrão de cor de um animal ou planta, ainda que não haja surgimento de uma nova espécie.

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