Criada há 15 anos, iniciativa registrou 201 espécies de aves e 17 mamíferos por meio de câmeras trap espalhadas em área de mata no distrito de Sousas. Onça-parda registrada na mata próxima ao condomínio
Antonio Villas Boas
Um grupo de moradores no distrito de Sousas, em Campinas (SP) criou um projeto entre eles para observar os animais do entorno. Por meio da instalação de câmeras trap, cinco pessoas passaram a acompanhar o dia a dia de aves e mamíferos locais.
Ao todo, os residentes já registraram 201 espécies diferentes de aves e 17 mamíferos. Além deles, também houve registros de vários roedores noturnos de difícil identificação. Veja a lista de algumas espécies vistas pelos moradores:
Tatupeba
Tatu-galinha
Guaxinim mão-pelada
Irara
Gambá
Jaguatirica
Gato-do-mato-pequeno
Onça-parda
Cachorro-do-mato
Capivara
Paca
Gato-mourisco
Lontra
Quati
Ouriço-cacheiro
Sagui
Bugio
Além dos mamíferos acima, o grupo já conseguiu registrar aves como falcão-relógio, tangará, suindara, urutau e inhambu-chintã.
Segundo o médico Ricardo Lima, o projeto começou há cerca de 15 anos. Morador do condomínio há quase três décadas, ele iniciou o projeto com o intuito de "desbravar a área com mata no distrito de Sousas" e identificar as espécies presentes ali.
"Eu tinha muita curiosidade em saber o que tinha no interior da mata. Então adquiri uma câmera, e depois vieram mais alguns moradores do condomínio para agregar na iniciativa. Hoje contamos com oito câmeras espalhadas na área", explica Ricardo.
Atualmente, a iniciativa conta com cinco integrantes, são eles: Aldrey Cruz, Antonio Villas Boas (Toninho), Bruce Pearson, Ricardo Lima e Tomaz Zurita. Todos compartilham a curiosidade e encantamento pela natureza, o que os motivou a agir em prol dos animais que viviam ali.
"Hoje somos uma equipe de cinco pessoas com especialidades diversas. Todos nós vamos à mata uma vez na semana, geralmente nos domingos, para verificar se não há nenhuma gaiola ou armadilha no local", conta o médico.
Com um grande leque de espécies já encontradas na área, uma delas se destaca: o gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus), registrado por Ricardo Lima em 2022.
Gato-do-mato-pequeno avistado em 2022 na área do condomínio
Ricardo Lima
Hoje, o gato-do-mato-pequeno é classificado pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) como espécie Vulnerável (VU) no mundo e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) como Em Perigo (EN).
Para divulgar o trabalho feito por eles, os amantes da natureza fazem uma exposição anual com um varal de fotos, mostrando aos moradores os animais que estão nos arredores.
"Nós fazemos anualmente, na semana da primavera, uma exposição ao ar livre com as fotografias feitas por nós. Cada um imprime suas fotos e a gente pendura em um barbante com prendedor. Depois, o condomínio se encarrega de divulgar para os moradores", conta Ricardo.
Exposição feita no condomínio com o intuito de divulgar as fotografias
Ricardo Lima
Segundo a prefeitura de Campinas, a área do condomínio é de 755 mil m², o equivalente a quase 71 hectares. Segundo os participantes do projeto, o monitoramento de fauna com câmeras trap cobre aproximadamente 94% dessa área.
Vale lembrar que o distrito de Sousas integra a APA (Área de Proteção Ambiental) de Campinas. Segundo Associação dos Amigos da APA, o território tem 223 km² de extensão, correspondentes a 27% da área total do município.
Segundo a bióloga Giselda Person, a região é mais protegida da cidade, contendo uma grande concentração de matas nativas preservadas, além de muitas espécies da fauna silvestre.
*Texto sob supervisão de Giovanna Adelle
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