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Morte de engenheira após colocação de balão gĂĄstrico: o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o caso

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Por Redação em 13/05/2024 às 06:49:15
Laura Fernandes Costa, de 31 anos, estava com o casamento marcado para o próximo 7 de setembro. Ao g1, noivo contou que ela decidiu fazer o procedimento para emagrecer antes da cerimônia. Médico nega acusação. Laura Fernandes Costa, de 31 anos, morreu após complicações de cirurgia para colocar balão gástrico

Arquivo pessoal

A família de uma mulher, de 31 anos, pede investigação após a vítima morrer dias depois de realizar uma cirurgia para colocação de um balão gástrico. A cirurgia foi realizada no último 26 de abril, em uma clínica que fica na Região do Barreiro, em Belo Horizonte.

Veja abaixo o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o caso:

O que aconteceu?

Quem é a vítima?

Quem são os suspeitos?

Quem investiga o caso?

O que diz envolvidos?

O que aconteceu?

A família da engenheira Laura Fernandes Costa, de 31 anos, denuncia que ela morreu por negligência médica, após uma cirurgia para colocação de um balão gástrico, em Belo Horizonte.

O dispositivo é inserido no interior do estômago para ocupar espaço e levar o paciente a comer menos, facilitando a perda de peso.

Quem era a vítima?

Com o casamento marcado para 7 de setembro deste ano, o noivo de Laura Fernandes, Matheus Turchete, de 27 anos, contou que a futura esposa decidiu fazer o procedimento para emagrecer antes da cerimônia.

"Na verdade, ela não precisava. Ela não tinha obesidade, era uma pessoa saudável. Eu acho que ela quis ter um 'corpo de princesa' para o casamento e acabou tomando essa decisão", disse Matheus.

Laura e Matheus estavam com o casamento marcado para o dia 7 de setembro

Arquivo pessoal

Quem são os suspeitos?

A cirurgia foi realizada no último 26 de abril, em uma clínica que fica na Região do Barreiro. O médico responsável pela operação foi Mauro Lúcio Jácome, especialista em endoscopia digestiva e gastroenterologia. O g1 entrou em contato com o profissional, que negou a acusação (veja posicionamento completo mais abaixo).

Onze dias depois, Laura foi internada com fortes dores e precisou passar por uma intervenção de emergência, mas não resistiu. Na certidão de óbito consta que ela teve uma infecção generalizada, causada por um furo no estômago.

Quem investiga o caso?

Após a morte, a família registrou um boletim de ocorrência. O g1 procurou a Polícia Civil para saber se a instituição investiga o caso e aguarda retorno.

O que diz os envolvidos?

Segundo os parentes, a engenheira não poderia ter feito o procedimento e recebeu uma assistência inadequada durante o pós-operatório. Já no dia seguinte à cirurgia, ela começou a vomitar sangue.

"A clínica poderia não só ter dado um suporte melhor, mas também ter evitado. Especialistas falaram que ela não poderia ter passado por esse procedimento, por causa do Índice de Massa Corporal (IMC) dela, que não comportava essa cirurgia. Ela tinha 70 quilos", afirmou o noivo da vítima.

Devido aos sintomas, em 30 de abril, a própria paciente pediu que o médico fizesse a retirada imediata do balão. No entanto, a remoção só aconteceu em 2 de maio, em outra unidade da clínica, na Savassi, Região Centro-Sul da capital mineira.

"Ela ainda insistiu para o médico retirar: 'Minha vida vale mais que um balão'", contou Matheus.

Em 6 de maio, Laura continuou passando mal e foi levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Nossa Senhora de Lourdes, em Nova Lima, na Grande BH. Na unidade, a equipe médica constatou a perfuração no estômago.

A engenheira foi levada às pressas para uma cirurgia de emergência, pois estava com o organismo tomado por fezes. Em 7 de maio, ela morreu.

De acordo com os familiares, Mauro Lúcio Jácome deixou apenas o telefone da enfermeira como contato e não fez o acompanhamento adequado do estado de saúde de Laura. Já a clínica onde o procedimento foi realizado se negou a fornecer o prontuário dela.

"Eu procurei o médico que fez o procedimento, e ele tratou a situação como normal. Falou que se houvesse perfuração ele não conseguiria ver. Nenhum paciente faria isso se soubesse do risco", completou.

O que diz o médico?

O médico Mauro Lúcio Jácome é sócio-administrador da Clínica Cronos, onde a cirurgia foi feita. Em nota, o estabelecimento afirmou que se solidariza com a dor da família e que a paciente atendeu os requisitos para o procedimento, realizado "sem qualquer intercorrência" (veja abaixo):

"Em relação aos fatos, cumpre esclarecer que o procedimento de colocação de balão intragástrico é indicado para pacientes com sobrepeso ou obesidade, conforme literatura médica (IMC 25/consenso brasileiro de balão intragástrico), sendo que todos os requisitos para tal procedimento foram atendidos no caso em questão.

Houve a contratação da clínica para realização do referido procedimento, realizado em 26/04/2024, por médico especialista em endoscopia e cirurgia há mais de 20 anos, sendo referência profissional na área.

Importante esclarecer que no Termo de Consentimento assinado deste procedimento são descritos os possíveis riscos constantes da literatura médica como complicações, sendo que todas as orientações e esclarecimentos foram informados à paciente.

O procedimento ocorreu sem qualquer intercorrência, sendo a paciente liberada com acompanhante, sem sintomas, com agendamento de retorno para o dia seguinte, para fins de acompanhamento, mas sem comparecimento da paciente. A paciente não atendeu aos chamados da clínica para retorno.

Após, a pedido da paciente, o balão intragástrico foi retirado, em 02/05/2024, também sem qualquer intercorrência. A paciente deveria retornar à clínica no dia seguinte, 03/05/2024, conforme retorno agendado, mas não retornou.

Ocorre que, apesar da insistência por comunicação, a paciente não retornou contato, tampouco compareceu na Clínica. Após 5 dias, houve informação sobre o procedimento cirúrgico a qual a paciente foi submetida, junto ao Hospital de Nova Lima, e, mais tarde, no mesmo dia, houve informação sobre o falecimento da paciente.

Segundo consta, houve aspiração pulmonar na intubação oro traqueal (IOT). A clínica e os seus profissionais não obtiveram ciência do estado de saúde da paciente, apesar da insistência, pois não houve comunicação, e, infelizmente, não foi possível auxílio, apesar da disponibilidade da clínica e seus profissionais.

Toda conduta médica resta registrada no prontuário da paciente. A clínica e os seus profissionais estão à disposição da família ou autoridades para prestar todo esclarecimento e apresentar toda documentação necessária, a fim de comprovar a inexistência de erro médico, omissão de socorro ou qualquer ato que desabone a conduta ilibada da clínica e do seu corpo médico".

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