Cassiopea andromeda pode ter chegado ao continente sul-americano por meio de navegações realizadas pelos europeus séculos atrás. Por conta da aparência, cnidário muitas vezes é confundido com anêmona do mar
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Ao pensar em uma água-viva, a imagem que vem à mente é a de um animal de corpo transparente e aspecto gelatinoso, com tentáculos longos, que fica perambulando pelo mar atrás de alimento e parceiros reprodutivos.
Diferentemente dessa aparência muito associada às águas-vivas, a Cassiopea andromeda vive de cabeça pra baixo na areia ou no substrato de habitats de águas rasas, calmas e costeiras - como lagoas de mangue, baías e recifes de coral. Locais com muita luz solar disponível.
Isso permite que as algas simbióticas (zooxantelas), presentes em seus tecidos, realizem fotossíntese e produzam nutrientes que são aproveitados pela água-viva.
"Além de se beneficiar da fotossíntese das zooxantelas, a Cassiopea andromeda também se alimenta de pequenos organismos presentes na coluna d'água, como plâncton, que captura com seus tentáculos urticantes", explica a bióloga e coordenadora de manejo do Aquário de Ubatuba, Laura Simões.
O nome curioso foi escolhido em homenagem a duas personagens da mitologia grega: Cassiopeia, a rainha da Etiópia, e Andrômeda, sua filha.
Cassiopea andromeda é nativa de regiões tropicais e subtropicais do Oceano Índico e Pacífico Ocidental, além do Mar Vermelho
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Parte de um gênero que inclui 12 espécies, a Cassiopea andromeda é nativa de regiões tropicais e subtropicais do Oceano Índico e Pacífico Ocidental, além do Mar Vermelho. Ela não ocorre naturalmente no Brasil, mas já foi encontrada em algumas regiões do litoral brasileiro.
"A espécie pode ter 'aproveitado' o intenso movimento de embarcações que navegavam pelo continente a muitos anos atrás, para chegar até o litoral sul-americano, mas sua ocorrência no Brasil ainda não é completamente compreendida pelos pesquisadores", explica Laura.
De acordo com a bióloga, a espécie possui células urticantes, mas não apresenta potencial para causar incidentes graves de queimaduras em humanos. "Caso algum acidente aconteça, a recomendação é a mesma para qualquer outro incidente com águas-vivas: lavar com água do mar, e caso ocorra algum sintoma mais grave, procurar um posto de saúde", alerta.
espécie possui células urticantes, mas não apresenta potencial para causar incidentes graves em humanos
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Reprodução
Assim como em outras espécies de águas-vivas, as Cassiopeas andromedas possuem duas fases no seu ciclo de vida: pólipos e medusas. As medusas adultas se reproduzem de forma sexuada e geram os pólipos, organismos sésseis (imóveis) que podem se reproduzir de forma assexuada e dar origem a novos pólipos, ou brotar e se transformar em medusas.
No aquário de Ubatuba, a espécie é mantida em exposição para os visitantes e a reprodução em cativeiro é feita há alguns anos através de pólipos da espécie adquiridos por uma parceria com Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências da USP.
Cassiopeias mantidas no Aquário de Ubatuba
Giovanna Adelle/TG
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