Candidatos afirmam que Marçal ataca e ofende em público, mas no privado pede trégua. Eles participaram de debate promovido pelo portal Uol e pela Rede TV! na manhã desta segunda (17). g1 entrou em contato com Marçal e aguarda retorno. O candidato do MDB, Ricardo Nunes, e a adversária Tabata Amaral (PSB).
Montagem/g1/Divulgação
Os candidatos à Prefeitura de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB) reclamaram nesta terça-feira (17) que têm recebido mensagens de WhatsApp do adversário Pablo Marçal (PRTB).
As declarações foram dadas por ambos em conversa com jornalistas após o debate promovido pelo portal Uol e pela RedeTV!.
Segundo os candidatos, durante debates e agendas públicas, Marçal usa apelidos pejorativos e não poupa os ataques. Mas no privado, envia mensagens pedido trégua nos embates.
O g1 entrou em contato com a assessoria de Marçal e aguarda retorno.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) chamou o comportamento de Marçal de "dissimulado" e "jogo de interesses".
"Ele me mandou WhatsApp dizendo: olha, não se ataca a família. Não se pode mexer com família. É a técnica que ele vai usando. Mandou mensagem pro Datena e o atacou na sequência. É um cara dissimulado. Um mentiroso. Ele faz essas coisas para manipular as pessoas como num jogo de interesses", afirmou Nunes.
"Como ele mandava e-mail para os velhinhos e as pessoas, pra poder roubar as contas delas, ele faz o mesmo agora", completou.
Questionado se bloqueou o candidato do PRTB no aplicativo - a exemplo de Datena - o prefeito de SP afirmou que não, "mas que era uma boa ideia".
"Não bloqueei, mas vou bloquear. Depois que dei uma espinafrada dele, não voltou mais a me chamar... Ele hoje é o candidato mais rejeitado hoje. A melhor resposta pra ele vai ser nas urnas, com o julgamento dos eleitores", declarou Ricardo Nunes.
A candidata do PSB também afirmou que Marçal segue mandando mensagens pra ela, mas "que tudo tem limite e não vai conversar com ele".
"Tudo tem limite. Uma coisa é conversar com a Marina Helena, a outra com um criminoso como Pablo Marçal. Na linha do WhatsApp, ele continua me mandando mensagem, mas segue sem receber resposta, porque não tenho conversinha com bandido", declarou.
"Eu converso com todo mundo, mas até eu tenho limite. Com o Pablo Marçal não dá", afirmou Tabata.
Durante o debate, Marçal pediu desculpas a Tabata por ter acusado a candidata de ser responsável pelo suicídio do próprio pai. A candidata disse não acreditar na retratação e afirmou que tal postura é meramente estratégica.
"Tem que entender qual a lógica do Pablo Marçal, se não, a gente cai na armadilha dele. Ele não é só um ilusionista mentiroso. Ele é um criminoso. Ele lucra com isso", disse.
"Por que que ele teve a coragem de falar da morte do meu pai? Por que ele foi tão baixo? Porque ele sabe que isso dá palco. A imprensa ficou corretamente 24 horas falando do suicídio do meu pai. Eu esperava de tudo, mais isso não. Não vou dar palco pra isso porque ele lucra sobre dinheiro. Toda vez que ele ataca alguém, pede desculpa ou manda WhatsApp , ele quer palco pra ele. Isso é ruim pra todos nós e palco pra ele eu não vou dar", explicou Tabata.
Brigas e gritaria
O debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo foi marcado por novas brigas, trocas de acusações, gritaria e inúmeros pedidos de direito de resposta.
Participaram os candidatos que lideram a disputa na cidade: Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB).
O encontro começou às 10h20 já em clima de tensão após o apresentador José Luiz Datena ter agredido Pablo Marçal com uma cadeira durante o debate realizado pela TV Cultura no domingo (15).
Datena e Marçal comentaram sobre o episódio e trocaram acusações. O candidato do PRTB disse que Datena teve um comportamento "análogo a orangotango".
"No último debate, eu tava terminando a minha fala, falando que o Datena não é homem e aqui eu retifico, retifico não, ratifico, ele não é homem, ele é um agressor e as cadeiras aqui foram parafusadas no chão porque ele teve um comportamento análogo a um orangotango, numa tentativa de homicídio contra mim. E eu quero agradecer todos os candidatos aqui que não foram solidários".
Datena pediu direito de resposta e rebateu afirmando que não se orgulhava do ocorrido, mas que agiu em defesa de sua família e disse que não bateria em "covarde" duas vezes.
"Você pode me provocar da forma que você quiser, que eu não vou partir pra agressão com você porque eu não bato em covarde duas vezes. Covarde apanha uma vez só, eu não vou fazer isso."
Logo depois, o debate chegou a ser interrompido por conta de um bate-boca e gritaria protagonizados por Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB).
A moderadora precisou elevar a voz e avisar que ambos seriam suspensos caso não parassem.
Desde o início, Marçal se recusou a falar com a imprensa, depois disse que não iria beber a água oferecida pelo evento, e não aceitava o previsto em regra, que deveria se referir aos adversários pelo nome - e não por apelidos pejorativos.
Em uma das perguntas de livre escolha, ele se referiu a Nunes como "Bananinha" e questionou o atual prefeito sobre o boletim de ocorrência por violência doméstica feito pela esposa de Nunes em 2011. O caso foi revelado pela Folha de S. Paulo em 2020.
Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB) em debate na RedeTV, nesta terça (17)
TABA BENEDICTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Nunes também optou pela estratégia de acusação e usou como argumento a condenação de Marçal por furto qualificado em 2010, em primeira instância, em relação à Operação Pégasus, deflagrada pela Polícia Federal em 2005, e que teve como objetivo desmantelar uma quadrilha especializada em invadir contas bancárias por meio da internet.
"Ele saiu da cadeia, mas a cadeia não saiu de dentro dele. A forma como ele vem colocando e tratando as pessoas assim, é a forma da malandragem de cadeia. Ele cria na provocação, ele manda mensagens das pessoas, como mandou pra mim, se solidarizando, como o Datena colocou e saiu no Uol, na mesma estratégia que fez com aqueles aposentados, pessoas humildes, de mandar e-mail, querendo ganhar a confiança da pessoa, a pessoa acessava, levava ali à abertura das suas contas correntes, pra ele subtrair o recurso, quem tá falando isso é a justiça, é a condenação de 4 anos e 5 meses, onde ele já foi preso. Agora, é o tempo todo atacando as pessoas."
Muitas acusações, poucas propostas
O segundo bloco foi mais civilizado, mas permaneceu com escassez de propostas.
As acusações seguiram em pauta, e esquentaram o clima quando Marina Helena (Novo) acusou sem provas Tabata Amaral de fazer viagens em jatinho particular para visitar o namorado, João Campos (PSB), atual prefeito de Recife e candidato à reeleição.
Tabata negou e classificou as acusações de Marina como um "deliro grave".
"Aguarde um processo. Você não pode trazer uma afirmação que simplesmente não corresponde à realidade."
O terceiro bloco manteve a retórica dos ataques e pedidos de direito de resposta, principalmente por conta das acusações feitas por Marçal a Ricardo Nunes e Datena.
No segundo e quarto blocos, os candidatos também tiveram que responder perguntas feitas por jornalistas do Uol e da RedeTv!.
Dentre os questionamentos, Nunes foi indagado sobre irregularidades em contratos emergenciais da prefeitura.
Já Boulos, a respeito da falta de adesão da periferia em sua campanha. Marina Helena respondeu sobre sua proposta a tarifa variável do ônibus e se considerava o candidato Pablo Marçal um representante da direita.
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Pablo Marçal foi questionado sobre suas críticas ao programa de transferência de Renda, Bolsa Família, ao qual ele afirma que desejaria acabar caso chegasse à presidência.
Datena respondeu se tinha se arrependido de ser vice-prefeito de Tabata Amaral e se lançado candidato.
No quinto e último bloco, foram apresentadas as considerações finais de cada candidato.
Cadeiras parafusadas e regras
Para evitar novas agressões do tipo, a RedeTV! parafusou as cadeiras no chão durante o encontro.
O debate ocorreu na sede da emissora em Osasco, na Grande SP. A organização também determinou a expulsão em caso de agressão verbal.
Um vídeo obtido pelo blog da jornalista Andréia Sadi mostra que um segurança foi destacado para cada candidato presente no estúdio.
Banquetas parafusadas no chão durante em cenário da RedeTV! em Osasco, na Grande SP.
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