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Mãe de brasileira morta no Líbano quer voltar para o Brasil: 'Fiquei sem filha e sem marido, quero ir embora daqui'

Ela afirma ter procurado a Embaixada do Brasil em Beirute para buscar ajuda e entrar em uma lista de repatriados.

Por Redação em 01/10/2024 às 17:09:03
Ela afirma ter procurado a Embaixada do Brasil em Beirute para buscar ajuda e entrar em uma lista de repatriados. O cunhado, Ali Bu Khaled, mora em Balneário Camboriú (SC) com outros familiares libaneses. Há uma semana, Ikram Adel Yassine tenta reunir forças para seguir em frente com os três filhos menores de idade depois que a filha brasileira, Mirna Raef Nasser, de 16 anos, e o marido morreram durante um bombardeiro no Líbano.

"Eu fiquei aqui no Líbano com três crianças pequenas e eu quero ir embora para o Brasil para ficar com meu cunhado e para ele me ajudar com meus filhos. Aqui não tenho ninguém para me ajudar. Fiquei sozinha, fiquei sem homem e sem filha grande para me ajudar. Eu quero ir embora daqui porque não consigo mais ficar aqui", disse Ikram.

Mirna e o pai, Raef Hussein Nasser, de nacionalidade libanesa, haviam deixado a casa onde moravam, no Vale do Bekaa, por conta dos intensos bombardeios, mas voltaram ao local para buscar alguns pertences no último dia 23 e acabaram sendo atingidos.

Mirna nasceu em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, e foi para o Líbano com 1 ano e 2 meses com a família. A jovem vivia com a mãe, o pai e três irmãos no país.

Antes do nascimento de Mirna, Ikram morou no Brasil. Ela afirma ter procurado a Embaixada do Brasil em Beirute para buscar ajuda e entrar em uma lista de repatriados. O cunhado, Ali Bu Khaled, mora em Balneário Camboriú (SC) com outros familiares libaneses.

Ela afirma que a dificuldade neste momento é conseguir documentos para que ela seja incluída na operação de repatriação junto com os três filhos de 13, 10 e 6 anos. Todos são libaneses. Apenas a filha mais velha, Mirna, que morreu na última segunda-feira, era brasileira.

Diante da angústia e da incerteza sobre o futuro dela e dos filhos, ela diz não ter conseguido viver o luto e a tristeza pela perda da filha mais velha e do marido.

"Eu quero ficar triste pelo meu marido e minha menina, mas não dá porque tem uma guerra e eu não consigo porque eu tenho que tirar meus filhos daqui. Eu tenho três crianças. A minha menina de 13 anos está muito triste e fica nervosa quando escuta barulho de bomba. Eu quero tirar eles daqui, mas não sei como", disse Ikram.

Dois adolescentes brasileiros mortos

Mirna Raef Nasser, de 16 anos, foi a segunda cidadã brasileira morte durante os ataques das forças israelenses contra o Líbano.

https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/09/26/tio-diz-que-jovem-brasileira-de-16-anos-morreu-apos-ataques-de-israel-no-libano.ghtml

Além dela, Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, também morreu vítima de um foguete que atingiu a cidade de Kelya, no Líbano.

Segundo o tio de Mirna, Ali Bu Khaled, o irmão, pai de Mirna, também morou no Brasil. Inicialmente moraram em Brasília e depois se mudaram para Balneário Camboriú, onde a adolescente nasceu.

"Esse ano estava conversando com ele, que ela era muito inteligente na escola e esse ano a gente ia trazer ela para conhecer, ela tem direito de vir para cá. Ele disse que depois que terminasse e a escola viria conhecer [Balneário Camboriú]. A gente fala, dói na gente, quando a gente vê na TV, no Brasil, que fala que atacou base militar e não tem nada disso, é tudo civil, posto de gasolina. Tudo o que aconteceu na minha cidade, cidades vizinhas, estão matando mulheres, crianças".
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