A belo-horizontina Ella A está em uma das semifinais do Melodi Gran Prix, competição norueguesa que definine quem representa o país no Eurovision. Ella A em competição na TV norueguesa
Andreas Fadum / Se og Hør
O que Céline Dion, ABBA, e Måneskin têm em comum?
Aparentemente pouca coisa, mas todos venceram o Eurovision Song Contest, a maior competição de música do mundo, realizada entre os países europeus há 66 anos.
E o que isso tem a ver com Minas Gerais?
Uma cantora mineira está na reta final do concurso que vai eleger a candidata da Noruega para a edição deste ano do Eurovision.
Em BH, Ella A foi soprano no Coral do Palácio das Artes
Julia Marie Naglestad / NRK
Ella A, nome artístico de Raphaela Antônia Souza Silva, está em uma das três semifinais do Melodi Gran Prix, marcada para este sábado (21), às 15h50, horário de Brasília.
Ela concorre com a música Waist, composta por ela e outros artistas durante um “acampamento musical”. (saiba mais abaixo o que é)
Música Waist será defendida por ela na sábado (21), às 15h50, horário de Brasília
Mads Blyerg Halvorsen
Mas espera aí... Noruega??
Raphaela nasceu em Belo Horizonte, tem 24 anos, e morava na capital mineira até os treze anos de idade, quando mudou para o país dos fiordes. Ela foi morar com a mãe que, na época, estava casada com um norueguês.
Em BH, passou pelos corais do Colégio Sagrada Família e do Palácio das Artes, como soprano. Começou no canto lírico, mas acabou se rendendo ao Pop. Entre as suas referências, estão Cássia Eller, Edson Cordeiro e, claro, Anitta.
“Quando me mudei, fui para uma cidade do interior da Noruega, mas decidi ir para Oslo para tentar a carreira de cantora. Trabalhei como caixa de supermercado e em bares, ao mesmo tempo em que fazia faculdade de música”, contou ao g1.
O convite
Em julho do ano passado, Ella A recebeu o convite para um “acampamento criativo”, o que no meio musical significa juntar artistas em determinado local, por um recorte de tempo, com o objetivo de aflorar a criatividade e produzir música.
Neste caso, o acampamento foi em um hotel no interior do país escandinavo, nos arredores de Oslo, com um estúdio ao lado. O foco era criar algo para arrebatar o Eurovision.
“Tive uma conexão com um compositor e um produtor da Inglaterra nesse acampamento. Fizemos uma demo, já no finalzinho da experiência, e acabou rolando. De todas as músicas que a gente fez, essa, composta em apenas 50 minutos, foi a escolhida”, contou a mineira.
Não foi uma tarefa fácil, já que a NRK, emissora responsável pelo concurso norueguês, recebe mais de mil canções por ano querendo entrar para o Eurovision.
“Fiquei muito feliz quando soube que ia participar, mas também fiquei muito pilhada. Sou controladora, não conseguia dormir de tanta ideia na minha cabeça. Fiz uma apresentação de powerpoint para organizar as ideias e mostrar para a NRK. Pensei na luz, na coreografia, nas roupas”, relembrou Raphaela.
Ella A escolheu um coreógrafo brasileiro e está trabalhando com seus próprios dançarinos.
Ella A vai se apresentar com os bailarinos com quem já trabalha
Arquivo Pessoal
“Estava nervosa antes do último ensaio, mas agora estou confiante. Tudo na performance traz a mistura de Brasil com Noruega. Talvez parte dos noruegueses fiquem chocados com a apresentação, mas acho que os brasileiros vão ficar muito orgulhosos”, contou a mineira.
O último ensaio
Arquivo Pessoal
Carreira no Brasil
Aqui no Brasil, a carreira da cantora também está deslanchando. Em 2022, a música Criminal entrou para a trilha sonora do filme Me Tira da Mira, da HBO Max, com Cleo Pires, Fiuk e Sérgio Guizé.
Já o remix da música Tudo Ok, lançado há cerca de um mês, está viralizado pelo mundo no TikTok.
Como apoiar a cantora?
A disputa é acirrada, 21 artistas concorrem à vaga da Noruega no Eurovision. Mas é possível votar de qualquer lugar do mundo e ajudar a brasileira a chegar lá, basta acessar o site da NRK durante a exibição do programa.
Assista ao Melodi Grand Prix aqui
Vote aqui
Eurovision
????A criação do concurso, em 1956, está ligada à fundação da União Europeia de Radiodifusão, no ano de 1950, para promover a cooperação entre países europeus por meio de transmissões de televisão após a Segunda Guerra Mundial.
????O que começou como uma parceria pós-conflito, acabou virando uma nova guerra entre vizinhos. Em alguns dos países, a rivalidade chega a ser maior que a provocada pelos esportes.
????Para os artistas, vencer o concurso dá a chance entrar no cenário musical mundial pela porta da frente. A banda sueca ABBA, os italianos do Måneskin e até a canadense Céline Dion – no caso, representando a Suíça – venceram edições passadas do concurso.
Como funciona?
????Os países inscrevem canções originais, que são performadas em um programa de televisão transmitido ao vivo. Cada nação é representada por uma emissora de televisão desse país.
????O programa é apresentado pelo país que venceu a edição anterior e é transmitido em um auditório na capital do anfitrião.
????Após as apresentações, cada país vota nas canções dos outros países concorrentes e não é possível votar no seu próprio país.
????Geralmente composto de três programas ao vivo, realizados durante uma semana: duas semifinais ao longo da semana e uma grande final, no sábado.
????Todos os países competem em uma destas semifinais, menos o que sedia a competição e os do chamado Big Five - França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido – que são os maiores financiadores do concurso e já vão direto para a grande final.
????O resultado considera a votação de um júri especializado em música e o voto do público, feito por telefone, aplicativo de mensagens, internet ou aplicativo oficial do concurso.
????Os vencedores recebem um troféu que, desde 2008, é feito de vidro jateado e tem o formato de um microfone no estilo dos anos 1950.
????A Irlanda é o país com o maior número de vitórias, sete, seguida pela Suécia, com seis. França, Luxemburgo, Reino Unido e Países Baixos vem em seguida e ostentam uma vitória cada.
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