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Zinho Ă© acusado de mandar matar ex-vereador Jerominho e mais; entenda as denĂșncias do MPRJ contra o miliciano

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Por Redação em 26/12/2023 às 04:07:03
Foto: Reprodução internet

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Chefe da maior milícia do RJ, com 12 mandados de prisão, Zinho se apresentou na sede da Polícia Federal no fim da tarde de domingo (24). Secretário-Executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Capelli, afirmou que Zinho sabia que corria risco de vida. Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, se entrega à PF

Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, é alvo de 6 denúncias do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), entre elas a que o acusa de ser o mandante da morte do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho.

Há também denúncias por diferentes mortes de milicianos de quadrilhas rivais, além de acusações de organização criminosa, lavagem de dinheiro, extorsão e corrupção de policiais.

Chefe da maior milícia do Rio de Janeiro, Zinho era o criminoso mais procurado pelas autoridades de segurança do estado até o último dia 24 de dezembro, véspera de Natal, quando o miliciano se entregou à Polícia Federal.

Zinho tem 12 mandados de prisão e estava foragido desde 2018.

Nos últimos meses, a PF e o Ministério Público realizaram várias operações para prender o miliciano. A última delas foi a Operação Dinastia 2, no último dia 19, que teve 5 presos e a apreensão de 4 armas, além de R$ 3 mil em espécie e celulares, computadores e outros aparelhos eletrônicos.

Morte de ex-vereador

A morte do ex-vereador do Rio Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e seu amigo Maurício Raul Atallah, em agosto de 2022, em Campo Grande, Na Zona Oeste, é um dos crimes que pode ter a participação de Zinho, segundo o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ).

Imagens de câmera de segurança da Estrada Guandu do Sapé filmaram o momento que três homens com fuzis efetuaram vários disparos contra as vítimas, que acabavam de estacionar o carro em frente a um supermercado.

Veja momento em que ex-vereador Jerominho é morto a tiros no Rio

De acordo com a denúncia apresentada pelo MP à Justiça, Zinho seria o mandante do assassinato. Os outros denunciados são: Rodrigo dos Santos, conhecido como Latrell, Matheus da Silva Rezende, também chamado de Fausto, Alan Ribeiro Soares, identificado como Malvadão, Paulo David Guimarães Ferraz Silva, o Costelinha, e Yuren Cleiton Felix da Silva, conhecido como Naval.

O MP acredita que os autores dos disparos contra Jerominho e Maurício foram Alan, Paulo David, Yuren e uma outra pessoa não identificada.

Os investigadores apontam que a morte do ex-vereador seria uma estratégia de Zinho para evitar que Jerominho e seu irmão, o ex-deputado estadual Natalino José Guimarães, retomassem a liderança da organização criminosa.

Ex-vereador Jerominho é baleado no Rio

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Natalino e Jerominho são apontados como os criadores da milícia Liga da Justiça, que atou em Campo Grande anos atrás e deu origem a milícia chefiada por Zinho.

"Após perder sua liderança sobre as atividades da milícia que ajudou a criar, em razão do longo período em que esteve preso (entre os anos de 2007 e 2018), Jerominho, ao ter a liberdade restabelecida, traçou um plano para retomar o controle da organização criminosa da qual fora líder, juntamente com seu irmão Natalino José Guimarães", dizia um trecho da denúncia do MP.

Rivais mortos em Seropédica

Em julho desse ano, o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ) denunciou Zinho pelo homicídio de André Luiz Rosa de Sousa e Leandro de Oliveira Moreno.

As vítimas seriam ex-integrantes de uma milícia rival, grupo comandado por Danilo Dias Lima, o Tandera. O MP acredita que André e Leandro "pularam o muro" e passaram a fazer parte do 'Bonde do Zinho', cerca de dois meses antes do crime.

Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, se entregou à Polícia Federal no domingo (24)

Reprodução

Segundo os investigadores, no dia do crime, André e Leandro estavam realizando serviços de instalação de TV a cabo clandestina (gatonet) fora da área determinada por Zinho.

Por descumprirem a ordem, os dois foram executados por Alan Ribeiro e Thiago Zarur, que também foram denunciados pelo MP.

Na ação que resultou nas mortes de André e Leandro, uma terceira vítima, que trabalhava como ajudante de pedreiro em uma casa próxima ao local, também foi baleada. O trabalhador foi socorrido e sobreviveu.

As vítimas foram mortas com tiros de fuzil, em uma via pública e movimentada, no período da tarde. O MP concluiu que o homicídio foi praticado com "recursos que dificultaram a defesa das vítimas".

Zinho também foi denunciado como mandante do homicídio qualificado de Anderson Cláudio Gonçalves e mais duas tentativas de homicídio na Baixada Fluminense.

Vídeo mostra milicianos do grupo de Zinho desafiando rival, Tandera, na Zona Oeste

Anderson era integrante da milícia de Danilo Dias Lima, o Tandera, rival de Zinho, e estava com um companheiro, fazendo a cobrança semanal de R$ 20 de "taxa de segurança" contra um comerciante de Seropédica, quando foi surpreendido por dois integrantes da milícia comandada por Luis Antônio da Silva Braga. Anderson morreu no local.

O seu comparsa e um morador de Seropédica também foram atingidos, mas sobreviveram.

PM morto na Baixada Fluminense

Em dezembro de 2021, o cabo da Polícia Militar Devid de Souza Matos, de 42 anos, morreu durante um confronto com criminosos em Seropédica, na Baixada Fluminense. O policial participava de uma ação contra milicianos que dominavam a localidade conhecida como Canto do Rio, no limite entre Queimados e Seropédica.

Policial morre durante confronto contra milicianos em Queimados

Segundo as investigações, a guarnição em que se encontrava o policial militar chegou ao local para verificar uma informação de que milicianos estariam reunidos com mototaxistas.

Os bandidos estavam em pelo menos nove carros e começaram a atirar assim que viram os policiais. Houve troca de tiros e o policial acabou atingido na cabeça.

Parte dos milicianos tentou fugir, mas acabou interceptada por policiais do Batalhão de Santa Cruz. Ao todo, 19 pessoas acabaram presas.

Quase dois anos depois, a Justiça recebeu a denúncia do MP contra Zinho e mais quatro homens pela morte do policial Devid.

Zinho foi denunciado pelo fato de exercer a liderança do grupo criminoso. Os demais denunciados foram: Jhonny Alexandre de Souza Silva, o John John; Alan Ribeiro Soares, o Nanan; Rodrigo dos Santos, conhecido como Latrel; e Rui Paulo Gonçalves Estevão, o Pipito. Esses foram apontados pelo MP como os autores dos disparos.

Organização criminosa e lavagem de dinheiro

O Ministério Público do Rio ofereceu denúncia contra 23 integrantes e relacionados com a maior milícia do estado. Entre eles, estava Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, então chefe da organização criminosa, conhecida como "Bonde do Z" ou "Família Braga", e Rodrigo dos Santos, o Latrell, preso em março de 2022.

A mãe do miliciano, segundo o Ministério Público e a Polícia Federal, movimentou mais de R$ 4 milhões em pouco mais de três meses. Josefa Lúcia dos Santos foi denunciada por lavagem de dinheiro.

A denúncia do Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) foi oferecida quase dois meses após a operação Dinastia, que prendeu oito integrantes da milícia.

Entre os integrantes, 21 foram denunciados por crimes como organização criminosa, clonagem de veículos, tráfico de armas, extorsão, roubo, receptação, corrupção ativa, entre outros crimes denunciados à milícia.

Dois familiares de milicianos foram denunciados pela lavagem de dinheiro do grupo, segundo o Ministério Público.

Dinastia 1 e 2

MPRJ e PF fazem operação contra a milícia na Zona Oeste do Rio

No dia 25 de agosto de 2022, agentes federais e do Grupo Especial de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MP) saíram no fim da madrugada para cumprir 23 mandados de prisão e 16 de busca e apreensão, expedidos pela 1ÂȘ Vara Especializada de Combate ao Crime Organizado do TJRJ.

Na ocasião, oito foram presos. Um deles, Geovane da Silva Mota, o GG — um dos chefes do grupo paramilitar —, foi capturado em um hotel de luxo na cidade de Gramado (RS).

As investigações revelaram crimes como:

De acordo com o Gaeco, além dos homicídios, as investigações revelaram crimes como :

extorsão;

posse e porte de armas de fogo de uso permitido e de uso restrito, como fuzis;

comércio ilegal de armas de fogo;

corrupção ativa de agentes das Forças de Segurança

Jerominho, Ecko, Tandera e Zinho, figuras centrais na história da milícia e do crime organizado no RJ

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Segundo o MPRJ, a quadrilha fomentava "uma matança generalizada" contra rivais, especialmente do grupo de Danilo Dias Lima, o Tandera. Ele rompeu ligações com Ecko, irmão de Zinho, em 2020.

PF faz operação contra a milícia no Rio de Janeiro

Na operação Dinastia 2, Zinho foi denunciado na ação que visava desmantelar o núcleo financeiro da organização paramilitar.

O Grupo de Investigações Sensíveis (Gise/PF), a Delegacia de Repressão a Drogas (DRE/PF) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) afirmam terem identificado "toda a estrutura de imposição de taxas ilegais a grandes empresas e a pequenos comerciantes locais" e as contas correntes onde eram depositadas.

Para cometer crimes, a milícia de Zinho utilizava mensagens codificadas, aplicativo especial que impede o rastreamento das conversas. Para evitar rastros digitais, a orientação era realizar extorsões apenas por ligação.

Os promotores destacaram no documento que grandes empreiteiras foram obrigadas a pagar todo mês aos paramilitares para cada empreendimento que subiam e até por obras da Prefeitura do Rio.

Nas tabelas, há parcelas de R$ 13 mil. Um subtotal mostra R$ 168 mil em um mês só com essas taxas. Até mesmo a Prefeitura do Rio foi alvo desse tipo de ação.

Jhonatas Medeiros, o Pardal, miliciano apontado pelo MP como o "CEO das cobranças" do bonde do Zinho

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A milícia inclusive criou uma espécie de departamento na quadrilha para coagir e ameaçar comerciantes e empresários para deles receber propina.

Havia inclusive uma espécie de "CEO das cobranças", que tinha total conhecimento dos valores arrecadados e da violência empregada contra nas ações na Zona Oeste da cidade.
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