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Quadrilha que vendia lotes ilegais em Campinas é suspeita de criar lojas de veículos para lavar dinheiro

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Por Redação em 09/05/2024 às 19:36:13
Dados fornecidos pelo Coaf indicaram suspeita de lavagem de dinheiro tanto no CNPJ desses estabelecimentos, quanto nos CPFs dos investigados. Alvo da operação não retornou nosso contato. Delegados da Deic Campinas Antônio Dota Júnior, José Carlos Fernandes e Luiz Fernando Dias de Oliveira

Thalita Souza/EPTV

Alvos de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira (9) durante a Operação Terra Nostra, três lojas de veículos de Hortolândia (SP) são suspeitas de terem sido criadas para lavar o dinheiro de uma quadrilha acusada de vender loteamentos irregulares na região do Campo Grande, em Campinas.

Nove integrantes dessa organização criminosa foram alvos da Polícia Civil em 2023 e responsabilizados por parcelamento irregular do solo e crimes ambientais. Agora, nesta segunda fase, os investigadores buscam entender como funcionava a parte financeira da quadrilha, sobretudo na ocultação do patrimônio ilícito.

Investigadores encontraram indícios de relação entre alvos da primeira fase com as três revendas de veículos localizadas em Hortolândia e suspeitam que elas foram montadas justamente para ocultar ou lavar o dinheiro da quadrilha.

"As denúncias que chegaram para nós, somadas às investigações, permitiram estabelecer em um primeiro momento a relação entre os indivíduos responsabilizados nos crime de parcelamento irregular de solo e crimes ambientais com esses estabelecimentos comerciais", explicou o delegado da Deic Luiz Fernando Dias de Oliveira, durante coletiva de imprensa.

Nesta manhã foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, um em cada loja e um quarto na sede da empresa (uma holding) que aparece formalmente como sócia dos três estabelecimentos. No locais, a PF apreendeu documentos, computador, celulares e 66 veículos, sendo 48 motocicletas, 15 carros e 3 quadriciclos.

Carros e motos foram apreendidos nesta quinta-feira em Hortolândia

Reprodução/EPTV

Segundo o delegado, dados fornecidos pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) indicaram suspeita de lavagem de dinheiro tanto no CNPJ dessas lojas, quanto nos CPFs dos investigados. As diligências realizadas nesta quinta, contudo, devem complementar e aprofundar a investigação.

""O que a gente pôde constatar de fato hoje, no cumprimento dos mandados, é de que todos esses estabelecimentos, três revendas de veículos e uma holding, estavam interligadas entre si, sejam pela propriedade ser de um único indivíduo, seja por ter tido participação de um dos investigados no crime antecedente. Ou seja, em algum momento esses estabelecimentos diligenciados na data de hoje se comunicaram com os investigados no crime de parcelamento irregular de solo", afirmou Oliveira.

A EPTV, afiliada da Globo, tentou contato com o alvo da operação, mas não teve retorno.

O que é lavagem de dinheiro?

Lavagem de dinheiro é uma série de mecanismos usados por criminosos para tornar dinheiro que foi obtido de maneira criminosa (sujo) em dinheiro lícito (limpo). No caso específico, a suspeita é que os criminosos usavam as vendas de veículos para lavar os valores obtidos de maneira irregular.

Nova etapa da investigação

A partir da análise do material apreendido e de outras medidas que serão solicitadas à Justiça, como quebra do sigilo bancário e fiscal, os investigadores querem entender a dinâmica da organização criminosa na lavagem de dinheiro e quem eram os envolvidos de fato.

"Existe toda uma cadeia investigativa que vai vir agora como uma segunda fase com quebra de sigilo bancária e quebra de sigilo fiscal para a gente fazer toda essa sequência de onde saiu o dinheiro para onde ela foi, até chegar definitivamente nessas lojas", explicou o delegado.

A operação

Polícia Civil investiga lavagem de dinheiro em venda ilegal de terrenos em APA de Campinas

Os mandados foram cumpridos por agentes da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil pela manhã em quatro endereços de Hortolândia:

Avenida Olívio Franceschini

Avenida Anhanguera

Rua Maria Zilda Salustriano de Freiras

Rua Miguel Antônio dos Santos

A operação, que recebeu o nome de "Terra Nostra", é o desdobramento de uma investigação revelada em agosto do ano passado, quando nove pessoas foram identificadas no esquema.

Os veículos foram apreendidos também para ressarcir o poder público, considerando que a Prefeitura de Campinas foi lesada financeiramente. No ano passado, a administração municipal informou que 18% da região tinha sido devastada e R$ 23 milhões em multas foram aplicados, sendo que nada foi pago pelos responsáveis.

Investigações

A Prefeitura afirma que recebeu uma denúncia em 2021. No ano seguinte, a administração municipal fez uma operação conjunta na área, com apoio da polícia e da Guarda Municipal, que resultou na condução de um corretor de plantão à delegacia. Um boletim de ocorrência foi registrado e deu início a uma investigação.

Entre os suspeitos de envolvimento no crime estão antigos proprietários das áreas – que, embora sejam de proteção ambiental, são particulares, mas não podem ser loteadas, vendidas ou receber construções –, associações e corretores de imóveis.

Terrenos irregulares em áreas de proteção ambiental de Campinas

Reprodução/EPTV

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