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'Ela tem que ser forte para eu estar forte e ajudar outras mães', diz agente que resgatou a própria mãe em Porto Alegre

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Por Redação em 12/05/2024 às 04:18:44
Com a ajuda de voluntários, Rogerson Bastos Soares salvou a mãe, com dificuldade de locomoção, o pai, de 78 anos, o irmão, três cachorros e quatro gatos. Segundo o agente de trânsito, a água estava a 20 cm do teto do corredor do prédio. Agente relata tensão ao resgatar a própria mãe de área inundada no RS

O servidor da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Rogerson Bastos Soares, resgatou a própria mãe, que tem dificuldade de locomoção, o pai, de 78 anos, o irmão, três cachorros e quatros gatos da família na terça-feira (7), em uma área inundada em Porto Alegre.

O servidor da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) Rogerson Bastos Soares, de 42 anos, resgatou a própria mãe, que tem dificuldade de locomoção, o pai, de 78 anos, o irmão, três cachorros e quatros gatos da família de uma área inundada em Porto Alegre. O caso ocorreu na terça-feira (7), durante o expediente do agente de trânsito.

"Quando é um ente querido, alguém mais próximo, a gente não consegue trabalhar só de forma profissional, entra a parte da emoção junto. Eu consegui conter, mas em casa, no dia seguinte, eu senti muitas dores musculares devido à tensão", revelou ao g1.

O resgate contou com a ajuda de voluntários. Para acessar a área, entre os bairros Menino Deus e Cidade Baixa, foi necessário o uso de um barco.

"Demorou uma hora para fazer o resgate. A água estava a 20 centímetros do teto do corredor do prédio. Eles saíram de colete, respirando quase com o rosto na parede", descreveu.

Moradores da Cidade Baixa foram orientados a deixar suas casas

Getty Images

Antes de salvar os familiares, Rogerson ajudou no resgate de outros moradores da região. A maior preocupação do servidor era com a mãe, Lucia Maria Bastos Soares, de 67 anos. Ela se recupera de um acidente vascular cerebral (AVC) e temia perder os animais de estimação na enchente.

O agente de fiscalização conta que precisou de muito controle emocional para passar segurança e comando aos familiares.

Após serem resgatados, os familiares de Rogerson foram para a casa da irmã dele, no bairro da Restinga, onde havia espaço para acolher a todos.

"Por dentro eu tava numa tensão. Com medo que minha mãe caísse. Ela estava com colete, mas tem 1,50 metro, e a água estava em 2 metros. Meu pai com quase 80 anos. E se o barquinho pequeno vira? Tinha os animais também. Então, era uma situação bem forte", relatou Rogerson.

Agentes públicos e voluntários fazem mutirão de trabalho para realizar o resgate de pessoas e animais ilhados pelas enchentes

BRUNO KIRILOS/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

Rogerson e a mãe não se encontraram depois disso, mas mantiveram contato pelo celular. Neste domingo (12) de Dia das Mães, o servidor destaca que a certeza de que ela está bem e em segurança é o estímulo para seguir prestando apoio nos resgates.

"Assim que eu sair do serviço, eu quero ir direto lá, dar um abraço na minha mãe e falar pra ela que nesse momento ela tem que ser bem forte para que eu consiga estar forte para ajudar outras mães", adiantou.

O agente da EPTC Rogerson Bastos Soares em registro com a mãe

Arquivo Pessoal

Os números da inundação

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O avanço das águas é consequência dos temporais que deixaram 136 mortos e 125 pessoas desaparecidas, segundo atualização da Defesa Civil. Em Porto Alegre, são quatro óbitos confirmados.

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