Foto: Mauro Falcão
A eliminação de dois participantes do BBB, por importunação sexual, foi um dos assuntos mais comentados na semana que passou. A vítima importunada, chamada ao confessionário para falar a respeito, inicialmente, não teve coragem para denunciar os fatos maliciosos. Somente após receber um suporte emocional da direção e dos demais participantes, encorajou-se para reconhecer as atitudes. Os próprios eliminados, durante o anúncio das suas exclusões, tiveram uma atitude de subdimensionamento dos erros cometidos.
Confesso que fiquei incomodado, trazendo-me a um autoexame de culpabilidade. E, é exatamente neste ponto a minha reflexão. A sociedade está relativizando o machismo, enraizado historicamente. E quando falo sociedade, incluo todos os gêneros e pessoas, inclusive a mim. Nos habituamos com esta coerção e não percebemos que é exatamente nesse momento que se originam as patologias na estrutura da família e da comunidade.
Quantas vezes, presenciamos e nos calamos diante de comportamentos que recusaram a igualdade de direitos e deveres entre os gêneros sexuais. Por quantas vezes, transgredimos ou deixamos de contribuir, não combatendo a supremacia masculina. Ou, muitas vezes, sequer percebemos o que está ocorrendo, porquanto tão entranhado este sistema hierárquico patriarcal.
Infelizmente, as chagas sociais penetraram em nosso inconsciente e seguimos uma ideologia da "suposta" hegemonia masculina, colocando a mulher em estado de submissão. Contudo, o clamor pela igualdade, não será resolvido apenas com críticas singulares, pois esvaziará o movimento de renovação. A transformação deve ser coletiva, num estado de vigília comportamental, combatendo e despertando aqueles que ainda não perceberam que o mundo não suporta mais este tipo de conduta.
Por fim, precisamos urgentemente rever a repetição dos maus hábitos, como o patriarcalismo, a homofobia e o racismo, pois é justamente o que pretendemos erradicar.
