Com o treinamento do filho, outras pessoas se interessaram pela prática e pista virou local de aulas de skate. Atualmente, 27 alunos praticam a modalidade na pista. Pista de skate feita de tubo de creme dental vira local de aulas em São José dos Campos, S
O sonho de se tornar um skatista de sucesso é o desejo de muitas crianças e adolescentes em todo o país. Em São José dos Campos, no interior de São Paulo, a situação não é diferente -- foi graças ao sonho do filho que o professor de skate, João Marcelo, o 'Alemão', de 52 anos, resolveu inovar e fazer algo diferente: montar a própria pista de skate para os treinamentos.
Além do fato curioso do 'mini ramp' ser instalado na garagem da própria casa, outro ponto chama a atenção: o material da pista. Segundo João, as placas da rampa são feitas de tubos de creme dental triturados, misturados com plástico e alumínio.
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Pista de skate feita com tubo de creme dental em São José dos Campos, SP
Lucas Tavares/g1
A solução foi uma alternativa mais barata para que o filho, João Gabriel, mais conhecido como 'Paçoca', pudesse treinar para as competições regionais.
Pista de skate feita com tubo de creme dental em São José dos Campos, SP
Lucas Tavares/g1
"Eu dava aula na rua há mais de 20 anos. Mudei para essa casa e o Paçoca precisava de um lugar para treinar, porque não conseguíamos ir para as outras pistas que são pagas, porque é tudo muito caro", explicou o professor.
Foi então que, em dois meses, o pai de Paçoca montou toda a estrutura da pista.Com os ensinamentos ao filho na garagem de casa, mais pessoas passaram a se interessar pela modalidade e procurá-lo para as aulas. Foi aí que nasceu a 'Fúria' -- escola de skate de Alemão, que atualmente atende cerca de 30 alunos.
Paçoca, de 14 anos, treina para competições regionais na pista que o pai montou em São José dos Campos, SP
Lucas Tavares/g1
Segundo Alemão, além de Paçoca, atualmente com 14 anos de idade, outras crianças e adolescentes também são treinados na pista para competições regionais. Para as competições nacionais, de acordo com o professor, a disputa é mais difícil, devido à dificuldade de uma estrutura mais consistente.
"O Paçoca treina para competições regionais. Ele já ganhou uma etapa de Campeonato Paulista em Taubaté, mas nós não saímos disso devido à estrutura. Temos o mesmo treino, mas não conseguimos chegar no nível dos outros skatistas que têm massagista, psicólogo, nutricionista", explicou.
Alemão e alunos da 'Fúria', em São José dos Campos
Lucas Tavares/g1
A rotina de Paçoca é como a de qualquer adolescente: em um período, vai à escola. Depois, se dedica a treinar juntamente com os outros alunos da escola do pai, na garagem da própria casa. Além do skate, ele também brinca de futebol, empinar pipa e outros hobbies. Aos 14 anos, ele pratica a modalidade desde criança, por influência do próprio pai.
"Eu ando de skate e costumava levar ele comigo. Ele brincava, ainda utilizando fralda. Um dia eu cheguei no Pavilhão, aqui em São José, coloquei o meu skate na pista e, na hora que eu olhei, o Paçoca colocou o skate na borda e disse: 'Eu vou, pai'. Isso aos três anos de idade. Daquele dia ele nunca mais parou de jogar skate. Ele solta pipa, joga bola, mas o skate está cravado no coração dele".
Se a rotina de Paçoca se divide em aulas na escola e aulas de skate, a do pai é totalmente dedicada ao esporte. Alemão leciona aulas de skate de manhã até a noite, para meninos e meninas, crianças, adolescentes e adultos.
Pista de skate feita com tubo de creme dental em São José dos Campos, SP
Lucas Tavares/g1
Segundo o professor, o objetivo é que, mesmo com a desigualdade nos treinamentos, Paçoca e os demais alunos consigam chegar ao topo no esporte.
"Eu dou aula de skate para a molecada da quebrada. É feito mais por amor do que pelo dinheiro. É amor pelo esporte, pelo skate, pelo meu menino. Sei que isso vai dar certo. Vamos chegando devagar, 'comendo pelas beiradas' e, se Deus quiser, vamos conquistar pódios e alegrias", finalizou.
Alemão e alunas da 'Fúria', em São José dos Campos
Lucas Tavares/g1
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