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Dar remédios, cuidar da higiene dos acamados, limpar a casa: como é a rotina de quem largou tudo para cuidar de familiares

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Por Redação em 10/04/2024 às 02:12:25
O Profissão Repórter conheceu a história de mulheres que cuidam de pais idosos, filhos e netos. O programa também apresentou projetos criados para dar suporte às cuidadoras em suas comunidades. Dar remédios, cuidar da higiene dos acamados, limpar a casa: como é a rotina de quem largou tudo para cuidar de familiares

O Profissão Repórter desta terça-feira (9) mostrou a difícil rotina de mulheres que abriram mão dos próprios cuidados, emprego e individualidade, para se dedicarem aos familiares. Elas se desdobram entre cozinhar, cuidar da higiene dos acamados, limpar a casa, dar remédios, fazer compras, numa lista de atividades sem fim.

Muitas dessas mulheres cuidam, ao mesmo tempo de pais idosos, filhos e netos e são conhecidas como "geração sanduíche".

'Queria que a sociedade, de fato, respeitasse as mulheres que cuidam de outras pessoas', diz cuidadora parental

Reprodução/TV Globo

'Não tenho mais a minha rotina, é a rotina dela'

'Não tenho mais a minha rotina, é a rotina dela': cuidadora parental compartilha rotina de cuidados à mãe doente

Há seis anos, Bárbara de Melo se dedica 24 horas para cuidar da mãe, Edite de Melo, de 78 anos, que sofre com Alzheimer, depressão crônica, transtorno bipolar e problemas respiratórios e cardíacos.

"A minha rotina, a cada dia que vai passando, vai se integrando mais a rotina da minha mãe. Hoje eu não tenho mais a minha rotina, é a rotina dela", relata.

'Queria que a sociedade, de fato, respeitasse as mulheres que cuidam de outras pessoas', diz cuidadora parental

Reprodução/TV Globo

Bárbara compartilhou sua rotina, que começa às 5h30 (veja no vídeo acima). Logo após o café da manhã, ela já se prepara para dar os primeiros medicamentos da mãe.

"Os medicamentos da minha mãe começam às 6h. Ao todo, são 18 comprimidos. Já separo os remédios todas as manhãs para a dinâmica fluir e vou arrumando a casa aos pouquinhos para começar a rotina com ela", conta.

'Queria que a sociedade, de fato, respeitasse as mulheres que cuidam de outras pessoas', diz cuidadora parental

Reprodução/TV Globo

Além da administração dos remédios da mãe, Bárbara ainda cuida da organização da casa, prepara refeições e assume todas as responsabilidades sozinha.

"Às 19h, acaba os remédios. Ela dorme e aí eu consigo descansar [...] estou muito cansada, hoje é aniversário de uma grande amiga minha e eu não posso ir. Mas, é isso: Às vezes a gente passa por estradas que a gente não tem escolha".

Toda luta com a mãe de Bárbara deu origem ao "Instituto Jacintas", uma organização não governamental que acolhe mulheres que cuidam de familiares. "Queria que a sociedade, de fato, respeitasse as mulheres que cuidam de outras pessoas", afirma.

'Queria que a sociedade, de fato, respeitasse as mulheres que cuidam de outras pessoas', diz cuidadora parental

Reprodução/TV Globo

A importância de cuidar de quem cuida

'É o idoso cuidando do idoso': trabalho social na Rocinha cuida de quem cuida

No Rio de Janeiro, um trabalho social na Favela da Rocinha e no Morro do Vidigal ajuda a combater as dificuldades enfrentadas por quem precisa de cuidados paliativos. A ONG Favela Compassiva é composta por 35 voluntários, incluindo médicos de várias especialidades, enfermeiros e assistentes sociais. Uma vez por mês, o grupo visita 21 pacientes.

Em muitas casas, os voluntários se deparam com indivíduos em condições debilitadas que precisam assumir o cuidado de outros. Esse é o caso da Dona Nelsa de 73 anos. Ela diarista e largou o trabalho para cuidar da filha, Ana, diagnosticada com câncer abdominal (veja no vídeo acima).

"Na maioria das casas, é o idoso cuidando do idoso. São pessoas realmente abandonadas que a equipe consegue vir aqui dar esse suporte", diz um voluntário.

Projeto social em comunidades no Rio de Janeiro cuida de quem cuida

Ana Maria Rozendo é mãe do Artur, um menino de 7 anos que tem uma síndrome rara e autismo. "Pela ciência, são baixas expectativas. São 7 anos de muita conquista e luta". Ela reflete sobre o papel do cuidador e a importância do suporte oferecido pela organização Favela Compassiva.

"Depois que a gente se torna mãe atípica, a gente não existe mais, é só a mãe do Arturzinho e quando os voluntários apareceram, eu estava no meu limite, eles entraram para cuidar do Artur e, no fim, é de mim que cuidaram", diz Ana Maria emocionada.

'Queria que a sociedade, de fato, respeitasse as mulheres que cuidam de outras pessoas', diz cuidadora parental

Reprodução/TV Globo

'Às vezes, eu chorava. É muito difícil'

'É muito difícil': Dona Maria do Carmo cuida do filho com paralisia cerebral

Dona Maria do Carmo Nunes é a mãe de Fábio, de 44 anos, um rapaz com paralisia cerebral. O marido Mário sofreu por dez anos com Parkinson, o que tornou a rotina de Maria ainda mais difícil.

"Você perde o chão, porque quando o médico falou que era Parkinson, eu nunca nem tinha ouvido falar dessa doença", diz Maria do Carmo.

Ela teve que deixar o trabalho de diarista para se dedicar aos cuidados com os dois. Com a recente morte do marido, o filho entrou em depressão e a situação se complicou muito. Dona Maria do Carmo teve redobrar os cuidados e gastos com a saúde mental de Fábio.

"Você imagina deixar duas pessoas que dependem totalmente de você dentro de casa e ir sair para ir ganhar um pouco de dinheiro para ajudar em casa? Às vezes, eu chorava. É muito difícil", conta emocionada.

'Queria que a sociedade, de fato, respeitasse as mulheres que cuidam de outras pessoas', diz cuidadora parental

Reprodução/TV Globo

Veja a íntegra do programa abaixo:

Edição de 09/04/2024

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