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Sem 'imposto do pecado', compra de armas e munição pode até ter 'cashback' com reforma tributária, alerta secretário

'Bancada da bala' conseguiu retirar da reforma o imposto seletivo sobre armas, em derrota para o governo.

Por Redação em 08/05/2024 às 12:09:06
Foto: G1 - Globo

Foto: G1 - Globo

'Bancada da bala' conseguiu retirar da reforma o imposto seletivo sobre armas, em derrota para o governo. Congresso trabalha para regulamentar texto aprovado em 2023. O secretário extraordinário do Ministério da Fazenda para a reforma tributária, Bernard Appy, afirmou nesta quarta-feira (8), que a compra de armas e munições pode até mesmo contar com o mecanismo de "cashback" (devolução de parte do imposto pago) na reforma tributária.

Isso acontece, segundo ele, porque os parlamentares decidiram retirar a incidência do chamado "imposto do pecado" sobre esses itens nos momentos finais da votação da PEC da reforma tributária no fim do ano passado – uma vitoria da "bancada da bala", e uma derrota para o governo.

"Armas, do jeito que está vai ter 'cashback'. Não está no imposto seletivo por decisão de vocês aqui, hem. Estava no imposto seletivo e foi retirado. Então, por definição do Congresso caiu o imposto seletivo sobre armas e munições", disse Appy, durante audiência pública na Câmara dos Deputados.

Como funcionaria o 'cashback'

Pela proposta do governo federal, dos estados e municípios para regulamentação da reforma tributária, a devolução de impostos será destinadas às famílias com renda per capita de até meio salário-mínimo para a população inscrita no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal.

Pela proposta, haverá devolução de:

100% para do imposto pago no caso da CBS (IVA federal) e de 20% para o IBS (IVA estadual e municipal), no caso do gás de cozinha

50% para a CBS e 20% para o IBS, no caso de energia elétrica, água e esgoto;

20% para a CBS e para o IBS, nos demais casos.

Desse modo, pelas regras propostas (que ainda têm de passar pelo Legislativo para terem validade), a população de baixa renda poderia contar com uma devolução de até 20% do imposto pago na compra de armas e munições.

O Ministério da Fazenda estimou que cerca de 73 milhões de brasileiros teriam direito ao "cashback" – devolução do imposto pago.

73 milhões teriam direito ao 'cashback' de impostos na reforma tributária, diz Fazenda

Armas e munições

O destaque — sugestão de alteração no texto — para retirada da incidência do "imposto do pecado" sobre armas e munições, que acabou sendo aprovado, foi apresentado pelo PL.

Um pedido semelhante havia sido rejeitado durante a votação da PEC no 1° turno, mas deputados da oposição conseguiram reverter votos no plenário.

A inclusão do dispositivo precisava de 308 votos, quórum mínimo de votação para uma alteração na Constituição. Contudo, recebeu apenas 293 votos a favor e 198 contrários e, com isso, foi derrubado.

No caso das armas e munição, a taxação do imposto do pecado, derrubada no momento final da tramitação, incidiria para produção, comercialização e importação, exceto para as destinadas à administração pública — por exemplo, a compra para as Polícias.

O que é o imposto do pecado?

O governo chegou a orientar contrário ao destaque.

"Não se trata de um debate ideológico, é um debate técnico. As forças de segurança pública não vão pagar, não incide sobre as compras governamentais, em especial as forças de segurança pública. O que estamos fazendo é técnica, não justifica reduzir os impostos sobre armas e aumentar para serviços, alimentação e etc.. Estamos distribuindo a carga tributária", disse o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), no ano passado.

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