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BebĂȘ Yanomami com malĂĄria morre em unidade de saĂșde na Terra Yanomami, diz associação

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Por Redação em 09/12/2023 às 18:05:02
Vídeo mostra mulher levando a filha de 7 meses com vida e depois retornando com o corpo da menina para ser enterrado na comunidade Macuxi Yano, na região do rio Parima. Informação foi confirmada neste sábado (9) pela Urihi Associação Yanomami. Mulher Yanomami volta com corpo de filha no colo após bebê morrer de malária em Roraima

Um bebê Yanomami de sete meses com quadro grave de malária morreu no polo base de Parima, dentro da Terra Indígena Yanomami, segundo a Urihi Associação Yanomami.

A vítima era uma menina que vivia na comunidade Macuxi Yano, na região do rio Parima. A morte aconteceu na última terça-feira (5).

De acordo com a Urihi Associação Yanomami, agentes de saúde indígena realizavam resgates na região quando encontraram a criança e a mãe dela. A mulher buscava atendimento médico para a filha, que estava em estado grave.

A bebê foi levada para o polo base de saúde de Parima, como mostrado em reportagem do Jornal Nacional (veja o trecho acima e a íntegra mais abaixo). Lá ela passou por exames que confirmaram que ela tinha malária falciparum.

Indígena Yanomami com a filha, de 7 meses, a caminho de unidade de saúde na Terra Indígena Yanomami

Arquivo pessoal

A equipe médica chegou a acionar uma equipe de resgate do polo base de Surucucu, unidade considerada de referência na Terra Indígena Yanomami, para resgatar a criança em um helicóptero. No entanto, ela não resistiu e morreu antes que os profissionais chegassem ao local.

"Ela [a criança] chegou na unidade de saúde de Parima e foi atendida. Eles fizeram o exame de lâmina e deu a malária falciparum [como diagnóstico]. Ela convulsionou, teve febre e faleceu", explicou o presidente da Urihi, Júnior Hekurari Yanomami.

Garimpeiros ilegais voltam à Terra Indígena Yanomami menos de um ano depois de terem sido expulsos

Segundo o presidente da Urihi, Júnior Hekurari Yanomami, que também é chefe do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), o corpo da criança já passou pelo ritual fúnebre tradicional do povo Yanomami. Ele foi cremado nessa sexta-feira (8).

A reportagem também procurou o Ministério da Saúde, que responde pela Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), e aguarda resposta.

A malária é uma das principais doenças registradas no território Yanomami, entre adultos e crianças. A doença agrava quadros de desnutrição entre todos. Em 2022, ao todo, foram registrados 12.261 casos da doença entre os Yanomami. Destes, as crianças foram as que mais sofreram, já que a faixa etária mais atingida foi entre 0 e 9 anos de idade, que totalizaram 5.799 casos registrados.

O maior número de casos foi o de 2.387, registrados entre bebês com menos de 1 ano e crianças Yanomami de até 4 anos de idade. A segunda faixa etária mais atingida foi a de jovens entre 10 e 19 anos, no total, 2.984 casos foram registrados nesta população.

Os dados são do Relatório Missão Yanomami, publicado em janeiro de 2023 pelo Ministério da Saúde do Governo Federal.

Dados do Ministério da Saúde mostram que, de janeiro a outubro de 2023, 215 yanomamis morreram: 90 por causas infecciosas, como pneumonia e malária.

Centro de Referência em Saúde Indígena foi desmontado em outubro de 2023

Urihi/Divulgação/Arquivo

Em outubro deste ano, o governo federal desmontou o Centro de Referência em Saúde Indígena, construído para atender indígenas doentes dentro da Terra Yanomami. Uma outra unidade de saúde, que era operada na Casa de Saúde Indígena (Casai), em Boa Vista, também foi demontada.

O Centro de Referência era preparado para fazer atendimentos de urgência, consultas, exames e o tratamento de malária e desnutrição - as duas doenças que mais assolam os indígenas que vivem no território.

Montada em Sucurucu, em meio à grave crise humanitária enfrentada pelos indígenas, a unidade funcionava desde abril deste ano — funcionou por quase sete meses.

Retorno de garimpeiros

Garimpo do Rangel, na Terra Yanomami, volta a ser usado por garimpeiros ilegais

Alexandro Pereira/Rede Amazônica

Onze meses depois do início da força-tarefa do governo federal, garimpeiros ilegais estão voltando a explorar a Terra Indígena Yanomami, em Roraima.

Uma operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na quinta-feira (7), destruiu acampamentos e encontrou até um aparelho de internet via satélite na região conhecida como "garimpo do Rangel", uma das mais exploradas pelos invasores dentro do território.

A operação do Ibama ocorreu em ao menos cinco pontos de garimpo em operação na região do Rangel. Foram destruídas balsas usadas para desbarrancar o solo em busca de ouro, além de barracos que funcionam como ponto de apoio aos garimpeiros.

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Nas proximidades do garimpo do Rangel, é possível ver a devatação da floresta na Terra Yanomami

Alexandro Pereira/Rede Amazônica

Maior território indígena do Brasil, a Terra Indígena Yanomami está em emergência sanitária na saúde desde janeiro deste ano. A medida foi decretada pelo governo federal para levar atendimento de saúde aos indígenas e também para retirar garimpeiros da região.

Durante esta mais recente operação, agentes do Ibama flagraram aviões clandestinos sobrevoando a região. Além, disso, segundo eles, uma aeronave caiu na última quarta-feira (6) e os invasores conseguiram escapar.

O espaço aéreo no território Yanomami está fechado e é monitorado pelas Forças Armadas.

Agente ateam fogo em acampamento de garimpeiros na Terra Yanomami

Alexandro Pereira/Rede Amazônica

O governo federal afirma que a "Força Nacional de Segurança Pública tem intensificado suas atividades na TIY, inclusive realizando atividades na aldeia Homoxi, desde maio de 2023, garantindo a assistência aos indígenas e realizando ações de segurança pública no entorno da aldeia."

Destacou ainda que o "controle do espaço aéreo sobre o Território Yanomami permanece ativo e é feito exclusivamente pelo Comando da Aeronáutica."

Garimpo do Rangel, na Terra Yanomami, volta a extrair ouro ilegal da Terra Yanomami

Alexandro Pereira/Rede Amazônica

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