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Crise na saĂșde: todos os leitos de urgĂȘncia e emergĂȘncia SUS estão lotados na região de Campinas

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Por Redação em 15/03/2024 às 19:32:14
Informação obtida com exclusividade pela EPTV junto da Secretaria de Estado da Saúde retrata gravidade do quadro em todo o Departamento Regional de Saúde de Campinas, com 254 leitos ocupados. HC da Unicamp enfrentou mais um dia de superlotação

Heitor Moreira/EPTV

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo infomou nesta sexta-feira (15) que todos os leitos de urgência e emergência no SUS do Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-7) operam com sua capacidade máxima, ou seja, não há leitos em prontos-socorros e pronto atendimentos.

São 254 leitos de urgência e emergência nas unidades de saúde públicas municipais e estaduais nos 42 municípios que integram o DRS-7, com sede em Campinas.

A informação obtida com exclusividade pela EPTV, afiliada TV Globo, confirma a gravidade do cenário da saúde pública em Campinas e região.

Na metrópole, o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, referência para toda a região, foi o primeiro a externar o problema ao solicitar às centrais reguladoras, na terça-feira (12), que não encaminhem mais pacientes à unidade por estar com três vezes mais pacientes do que a capacidade.

Cenário nesta sexta na rede estadual SUS:

PS do HC da Unicamp

30 leitos e 70 pacientes internados

PS do Hospital Estadual de Sumaré

12 leitos e 24 pacientes internados

"O DRS trabalha para identificar os pacientes ambulatoriais, ou seja, os casos considerados leves, do Pronto Socorro da Unicamp, com o objetivo de contrarreferência-los aos serviços municipais de origem, como por exemplo, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidade de Pronto Atendimento (UPA)", informa a Secretaria de Estado da Saúde, em nota.

Em nota, a pasta ainda defende que no início de março, o governo de São Paulo anunciou "mais de meio bilhão de reais para a saúde da região de Campinas".

"Por meio dos repasses do IGM SUS Paulista, a SES destinará R$ 70.788.170,00 anualmente aos municípios da região de Campinas para a melhoria da atenção primária à saúde da região. Além disso, 102 prestadores filantrópicos da região receberão o montante mensal de aproximadamente R$ 27.440.602,17 por meio da nova Tabela SUS Paulista, que corrige o sub-financiamento da Tabela SUS Federal complementando com recursos do tesouro do estado", diz o comunicado.

Reunião entre municipíos

De acordo com a Secretaria de Saúde de Campinas, uma reunião nesta sexta (15), na sede do DRS, com representantes de todas as cidades, discutiu o quadro de superlotação e entre as medidas ficou decidido que "as solicitações de transferências dos pacientes de média e baixa complexidade para as regiões de origem serão feitas nesse momento através da DRS VII".

"No encontro, foi pleiteado por Campinas Município retaguarda de hospitais de outras cidades da região para pacientes com condições crônicas que precisam somente de cuidados básicos hospitalares e ampliação de oferta de hemodiálise, uma vez que tais ações proporcionariam imediata liberação de pelo menos 40 leitos e consequente desocupação das portas de urgência", destacou a pasta.

Além do HC, a Rede Mário Gatti também registrou aumento de atendimentos e ocupação de leitos.

Segundo a prefeitura, a ocupação nos leitos de emergência nos dois hospitais municipais oscila entre 90% e 100%.

UTI Adulto

40 leitos no Hospital Ouro Verde

20 leitos no Hospital Mário Gatti

Enfermaria adulto

155 leitos no Hospital Ouro Verde

121 no Hospital Mário Gatti

Situação dramática

Em macas, leitos improvisados ou cadeiras na recepção. Acompanhantes e pacientes que aguardam atendimentos, exames e cirurgias em hospitais públicos de Campinas relataram na quarta a angústia e o drama que enfrentam nas unidades.

A equipe da EPTV, afiliada da TV Globo, esteve na tarde de quarta na emergência do HC da Unicamp e o quadro era de superlotação e muitas queixas de demora.

No HC, eram 100 pacientes para 30 leitos. Com isso, os corredores da emergência estavam lotados de pacientes, e funcionários relatavam falta de espaço até para novas macas.

"[Estou aqui] desde ontem às 10h da manhã. O médico ainda não solicitou o quarto para ele. Ele está com infecção já, está precisando de leito, mas não tem leito", relatou Fernanda Giacheto, acompanhante de um paciente do HC.

Paciente aguardava leito há mais de 24 horas no HC

Heitor Moreira/EPTV

Transferido da Santa Casa de Mogi Guaçu, o pai da professora Nanci Diniz Andrade tem um aneurisma e, segundo ela, precisa de cirurgia urgente.

"Sábado conseguimos a vaga para a cirurgia, só que chegando aqui todo dia faz exame e analisa, mas não faz a cirurgia dele. A gente está aguardando até agora. [Ele] não conseguiu subir ainda, não tem vaga e ele está aqui no pronto-socorro aguardando".

Sem conseguir um leito, Thaís aguardava atendimento na recepção com a sogra, que precisa de um exame de emergência

Heitor Moreira/EPTV

Motivos da sobrecarga

Em Campinas, a prefeitura atribuiu a sobrecarga dos hospitais ao aumento nos atendimentos de várias doenças rede pública de Saúde da cidade:

Aumento de 13% dos atendimentos de dengue;

Aumento de 8% dos atendimentos de Covid-19;

Doenças respiratórias em crianças fora de época;

Pacientes crônicos com agravamento das doenças;

Pacientes sem hemodiálise que tiveram que ser internados;

Entrada de 100 mil pessoas no SUS depois da pandemia em razão da perda de convênio médico.

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Reprodução/EPTV

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