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Protestos pró-Palestina: alunos de Columbia não se dispersam após prazo de 'ultimato' expirar; direção ameaça suspender manifestantes

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Por Redação em 29/04/2024 às 16:37:58
Universidade Columbia, em Nova York, havia dado até as 15h (horário de Brasília) desta segunda (29) para o fim dos acampamentos sob pena de suspensão, mas os manifestantes não dispersaram. As manifestações começaram no dia 18 de abril na universidade e se espalharam por faculdades nos EUA e na França. Direção de Columbia ameaça suspender alunos que participam de manifesto pró-Palestina

Estudantes da Universidade Columbia, em Nova York, não dispersaram os acampamentos da manifestação pró-Palestina após o fim do prazo dado pela direção da faculdade, às 15h (horário de Brasília) nesta segunda-feira (29).

Em uma espécie de "ultimato" aos estudantes, a direção de Columbia ameaçou suspender imediatamente quem não dispersasse as manifestações, que iniciaram no dia 18 de abril na universidade e se espalharam para outras faculdades nos Estados Unidos. No final de semana, o número total de detidos nos protestos em todos os EUA chegou a 700.

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No momento em que o prazo expirou, centenas de manifestantes marchavam ao redor do acampamento, instalado no gramado central da universidade, e os alunos dentro das tendas não dispersaram. (Veja no vídeo acima)

A ameaça de suspensão dos manifestantes que não dispersassem até o fim do prazo estipulado foi anunciada pela reitora de Columbia, Nemat Minouche Shafik, nesta segunda como consequência do fracasso das negociações entre a direção e a liderança pela desmobilização dos acampamentos.

Além da ameaça de suspensão, a direção da universidade disse que os estudantes que participam dos protestos se tornariam inelegíveis para completar o semestre letivo em boa situação em decorrência das punições.

Shafik disse ainda que a Columbia não desinvestiria em ativos da instituição que apoiam o exército de Israel, uma demanda-chave dos manifestantes, mas ofereceu investir em saúde e educação em Gaza e tornar os investimentos diretos da Columbia mais transparentes.

Segundo o jornal "New York Times", ainda é incerto qual será a próxima medida a ser tomada pela universidade para tentar dispersar os manifestantes após o fim do prazo do "ultimato".

Os manifestantes pró-Palestina em Columbia prometeram manter seu acampamento no campus de Manhattan até que a universidade atenda a três demandas: desinvestimento em Israel, transparência nas finanças da faculdade e anistia para estudantes e professores punidos por sua participação nos protestos.

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Michael Casey/AP

Manifestações pró-Palestina

Mais de 200 pessoas foram detidas neste sábado (27) em quatro universidades dos Estados Unidos durante protestos pró-Palestina. Com isso, o número de manifestantes detidos desde o início dos protestos, em 18 de abril, chega a 700.

Segundo o jornal "The New York Times", os manifestantes foram detidos na Universidade Northeastern, na Universidade Estadual do Arizona, na Universidade de Indiana e na Universidade de Washington em St. Louis, enquanto a polícia tenta conter o crescimento no número de protestos nas faculdades dos EUA.

Desde o começo, a onda de protestos atinge algumas das universidades de maior prestígio dos EUA, como Columbia, Harvard e Yale.

Os manifestantes são contra a atuação de Israel na guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza — e pedem para que as instituições de ensino cortem laços com Israel e também com empresas que, segundo os alunos, viabilizam a guerra.

Estudantes que tentavam montar acampamento em universidade no Missouri (EUA) foram detidos neste sábado (27)

Christine Tannous/St. Louis Post-Dispatch via AP

Parte da comunidade universitária se incomodou com os protestos: alunos e professores judeus afirmam que as manifestações têm se tornado antissemitas, e que eles têm medo de pisar nos campi.

Shai Davidai, um professor da faculdade de administração da Universidade Columbia, em Nova York, afirmou que foi impedido de entrar em uma parte do campus. Davidai é um judeu israelense americano.

O epicentro desse movimento é a Universidade Columbia, em NY, onde há um acampamento de ativistas com bandeiras palestinas e mensagens de solidariedade a Gaza.

Prisões e acampamentos desmontados

Neste sábado, na Universidade de Washington, em St. Louis, mais de 80 detenções foram feitas e o campus foi fechado à noite, de acordo com um comunicado das autoridades da universidade.

A nota, segundo o jornal "The New York Times", acrescenta que a polícia do campus ainda estava processando as detenções.

Jill Stein, candidata do Partido Verde às eleições presidenciais de 2024, estava entre os manifestantes detidos, juntamente com o seu coordenador de campanha e outro integrante da equipe, disse um porta-voz da campanha.

Na manhã de sábado, na Universidade Northeastern, em Boston, no estado de Massachusetts, os manifestantes montaram um acampamento no Centennial Common do campus esta semana e atraiu mais de 100 apoiadores. A administração pediu aos manifestantes que saíssem, mas muitos estudantes não obedeceram à ordem de retirada.

Policiais do estado de Massachusetts chegaram ao local, ainda na madrugada de sábado, e começaram a prender os manifestantes, algemando-os e desmontando várias tendas.

Dezenas de estudantes são presos em manifestações pró-Palestina, nos EUA

Eles disseram que prenderam 102 manifestantes. Não ficou claro quantos dos presos eram estudantes. A universidade informou que os alunos que mostrassem suas carteiras de identidade universitárias estavam sendo libertados.

Por volta das 11h de sábado, a maior parte do acampamento foi liberada.

A detenção em massa em Northeastern foi a segunda repressão na manhã de sábado contra manifestantes em um campus de Boston em menos de uma semana. Na manhã de quinta-feira, policiais da cidade prenderam 118 pessoas no Emerson College depois que os manifestantes se recusaram a sair do acampamento e formaram uma barricada.

Policiais prendem estudante durante manifestação na Universidad de Emory, nos EUA, em 25 de abril

Mike Stewart/AP

Na Universidade Estadual do Arizona, a polícia escolar prendeu 69 pessoas na manhã de sábado depois que elas montaram um acampamento não autorizado, o que viola a política da universidade.

A universidade afirmou que os manifestantes criaram um acampamento e que o grupo foi instruído várias vezes a se dispersar.

Na Universidade de Indiana, onde a polícia universitária prendeu 33 pessoas em um acampamento no início desta semana, o campus e a polícia estadual prenderam mais 23 manifestantes no sábado. As autoridades disseram que um grupo "ergueu inúmeras tendas e toldos na noite de sexta-feira com a intenção declarada de ocupar o espaço universitário indefinidamente."

Universidades de todo o país usaram estratégias diferentes na semana passada para reprimir os protestos. Algumas recuaram e procuraram diminuir as tensões, enquanto em outras faculdades, como a Universidade do Sul da Califórnia e a Universidade Emory, a polícia correu para desmantelar acampamentos e prender estudantes e membros do corpo docente.

Em Harvard, o acesso ao seu histórico Harvard Yard ficou com acesso restrito, permitindo a entrada apenas daqueles que apresentassem carteira de identidade universitária. A universidade também suspendeu um grupo pró-Palestina, mas mesmo assim o grupo e seus apoiadores montaram um acampamento no pátio.

Na sexta (26), a Universidade do Estado de Portland cedeu a pedido de manifestantes entre seus alunos e anunciou que não aceitaria mais presentes e bolsas da companhia aérea Boeing, por causa das ligações da empresa com o governo de Israel.

"A paixão com que essas exigências foram expressadas repetidamente por alguns membros da nossa comunidade me motivam, como uma pesquisadora de ética acadêmica e uma líder da universidade responsável pelo bem estar dos constituintes do nosso campus a ouvir e fazer outras perguntas", afirmou a presidente da universidade, Ann Cudd, em uma carta à comunidade acadêmica.

A instituição vai organizar um debate moderado de duas horas com a equipe e estudantes em maio.

Em seu site, a Boeing afirma que as Forças de Defesa de Israel atualmente usam nove de seus produtos, e que a empresa contribui com cerca de US$ 3,5 bilhões com a economia israelense.
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